Cardeal Orani João
Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Celebramos na alegria da fé os apóstolos São Simão
e São Judas Tadeu. Os apóstolos foram colunas e fundamento da verdade do Reino.
Em geral temos poucas notícias da maioria dos apóstolos. Sabemos, no entanto,
que foram animados missionários e evangelizaram com a palavra e com o
testemunho, até mesmo com a vida no martírio. Ao celebrarmos esses dois
apóstolos do Senhor, no final do mês das Missões, somos chamados também nós a
sermos animados missionários em nossos tempos e com alegria proclamar a vida e
a salvação em Jesus Cristo Nosso Senhor, mesmo com as dificuldades hodiernas.
São Simão: Simão tinha o cognome de Cananeu, palavra hebraica que significa
“zeloso”. Nicéforo Calisto diz que Simão pregou na África e na Grã-Bretanha.
São Fortunato, Bispo de Poitiers no fim do século VI, indica estarem Simão e
Judas enterrados na Pérsia. Isto vem das histórias apócrifas dos apóstolos;
segundo elas, foram martirizados em Suanir, na Pérsia, a mando de sacerdotes
pagãos que instigaram as autoridades locais e o povo, tendo sido ambos
decapitados. É o que rege o martirológio jeronimita. Outros dizem que Simão foi
sepultado perto do Mar Negro; na Caucásia foi elevada em sua honra uma igreja
entre o VI e o VIII séculos. Beda, pelo ano de 735, colocou os dois santos no
martirológio a 28 de outubro; assim ainda hoje os celebramos. Na antiga
basílica de São Pedro no Vaticano havia uma capela dos dois santos, Simão e
Judas, e nela se conservava o Santíssimo Sacramento.
São Judas Tadeu: Judas, um dos doze, era chamado também Tadeu ou Lebeu, que São Jerônimo
interpreta como homem de senso prudente. Judas Tadeu foi quem, na Última Ceia,
perguntou ao Senhor: “Senhor, como é possível que tenhas de te manifestar a nós
e não ao mundo?” (Jo 14,22). Temos uma epístola de Judas “irmão de Tiago”, que
foi classificada como uma das epístolas católicas. Parece ter em vista
convertidos, e combate seitas corrompidas na doutrina e nos costumes. Começa
com estas palavras: “Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos
chamados e amados por Deus Pai, e conservados para Jesus Cristo: misericórdia,
paz e amor vos sejam concedidos abundantemente”. Orígenes achava esta epístola
“cheia de força e de graça do céu”.
Segundo São Jerônimo, Judas teria pregado em
Osroene (região de Edessa), sendo rei Abgar. Teria evangelizado a Mesopotâmia,
segundo Nicéforo Calisto. São Paulino de Nola tinha-o como apóstolo da Líbia.
Conta-se que Nosso Senhor, em revelações particulares, teria declarado que
atenderá os pedidos daqueles que, nas suas maiores aflições, recorrerem a São
Judas Tadeu. Santa Brígida refere que Jesus lhe disse que recorresse a este
apóstolo, pois ele lhe valeria nas suas necessidades. Tantos e tão
extraordinários são os favores que São Judas Tadeu concede aos seus devotos,
que se tornou conhecido em todo o mundo com o título de Patrono dos aflitos e
Padroeiro das causas desesperadas. São Judas é representado segurando um
machado, uma clava, uma espada ou uma alabarda, por sua morte ter ocorrido por
uma dessas armas.
A citação de São Judas na Bíblia: A Bíblia trata
pouco de São Judas Tadeu. Ela aponta, no entanto, um fato muito importante: ele
foi escolhido a dedo, por Jesus, para ser um dos apóstolos. Quando os
evangelhos nomeiam os doze discípulos escolhidos, sempre aparecem os nomes
Judas ou Tadeu na relação dos apóstolos.
O nome de Judas aparece também nos Atos dos
Apóstolos (At 1,13). Além dessas citações, seu sobrinho São João Evangelista
(Jo 14,22) o nomeia entre os participantes do colégio apostólico que estavam no
episódio da Santa Ceia, na quinta-feira santa. Foi nesta oportunidade que,
quando Jesus confidenciava aos apóstolos as maravilhas do amor do Pai e lhes
garantia especial manifestação de si próprio, que São Judas Tadeu não se
conteve e perguntou: “Mestre, por que razão hás de manifestar-te só a nós e não
ao mundo?” E foi, então, que Jesus lhe respondeu afirmando que haveria
manifestações d’Ele a todos os que guardassem sua palavra e permanecessem fiéis
a seu amor. Nesse fato da Última Ceia, São Judas Tadeu demonstra sua generosa
compaixão para com todos os homens.
Quanto à Epistola de São Judas Tadeu: segundo a
tradição eclesiástica, São Judas Tadeu é apontado, como sendo o autor da
epístola canônica que traz seu nome. Tudo indica que essa carta foi dirigida
aos judeus cristãos da Palestina, pouco depois da destruição da cidade de
Jerusalém, quando a maioria dos Apóstolos já havia falecido. O breve escrito de
São Judas Tadeu é uma severa advertência contra os falsos mestres e um convite
a manter a pureza da fé.
Percebe-se que “A carta de São Judas” foi escrita
por um homem apaixonado e preocupado com a pureza da fé e a boa reputação do
povo cristão. O escritor afirma ter querido escrever uma carta diferente, mas
ouvindo os pontos de vista errados de falsos professores da comunidade cristã
urgentemente escreveu esta carta para alertar a Igreja a acautelar-se contra
eles.
Peçamos aos Santos: Simão e Judas Tadeu, que nos
ilumine e nos ajude nesta caminhada de busca do encontro com Jesus Cristo. E
principalmente nos faça hoje corajosos anunciadores da Boa Nova do Reino diante
de um mundo em mudanças. São Simão e São Judas Tadeu, Rogai por nós!
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