Hino da Padroeira

domingo, 27 de abril de 2014

"João XXIII e João Paulo II poderão nos ajudar a viver o Evangelho", afirma dom Leonardo Steiner

Pela primeira vez na história da Igreja, dois papas serão canonizados em um mesmo dia, na mesma cerimônia. João XXIII e João Paulo II se tornarão santos neste domingo, 27, durante missa presidida pelo papa Francisco e concelebrada pelo papa emérito Bento XVI e os cardeais e bispos presentes, na Praça de São Pedro. 

A celebração contará com a participação de milhares de fieis. São esperadas delegações de mais de 100 países e, ao menos, 24 chefes de Estado.
Para o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, o papa Francisco teve uma “feliz iniciativa” ao querer canonizar os dois papas. “São dois grandes homens que serão canonizados, colocados diante de nós como exemplos de pessoas que poderão nos ajudar a viver o Evangelho”, afirma dom Leonardo Steiner.
O bispo explica que a Igreja vive hoje das iniciativas de João XXIII e o define como um “homem experiente, que foi núncio apostólico em diversos países”. Segundo dom Leonardo, João XXIII percebeu que a Igreja precisava de uma renovação e por isso convocou o Concílio Vaticano II, para dar vida nova à Igreja e colocá-la em movimento. “João XXIII mudou o modo de ser papa. Um homem simples, relacional, próximo das pessoas, tinha a linguagem do povo. Um grande homem, com muito amor à Igreja”, ressalta.
Com relação a João Paulo II, dom Leonardo diz que ele foi o “arauto da paz”. Acrescenta que foi um homem peregrino, que visitou diversos países. “Não teve receio de dizer o que pensava, sempre soube marcar a presença da Igreja. Ao final da sua vida, João Paulo II, ofereceu o próprio sofrimento a Deus por amor à Igreja”.
Ação de graças
Em Salvador (BA), o arcebispo e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger assinará hoje, 27, decreto que instituirá o papa João Paulo II como co-padroeiro da paróquia Nossa Senhora dos Alagados.
Na Catedral Sé de Olina (PE), haverá celebração eucarística de ação de graças pelos dois novos santos, a partir das 9 horas. Haverá também exposição de duas relíquias, referentes aos pontífices.  
Em Maringá (PR), durante a Festa da Misericórdia, os fiéis terão a oportunidade de venerar as relíquias dos papas João XXIII e João Paulo II. A Festa teve início dia 26 de abril, com adoração ao Santíssimo Sacramento, que prosseguirá até às 3 horas de hoje, quando será feita a entronização das relíquias dos papas, na Catedral Basília Menor Nossa Senhora da Glória. Após a entronização das relíquias ainda haverá programação especial, com pregações, terço da misericórdia e adoração. Às 15h30, acontecerá o encerramento da Festa
Em Criciúma (SC), será criada e instalada no dia 18 de maio, às 16h, a paróquia Santo Antônio de Pádua, que terá como padroeiro João Paulo II. 

Fonte: CNBB

quinta-feira, 24 de abril de 2014

FESTEJO DE SANTO EXPEDITO


Está sendo realizado desde a última segunda feira dia 21, o novenario em honra a Santo Expedito no Residencial Hugo Prado, o mesmo irá até a próxima terça feira dia 29 quando será encerrando com a procissão e a santa missa da festa. Este ano, em virtude da Semana Santa, o festejo foi transferido da data de 10 a 19 de abril. Todas as noites, às 18h30 reza do santo terço e às 19h Santa Missa/celebração. Participe você e sua família!

sexta-feira, 18 de abril de 2014

18 de abril – SEXTA-FEIRA SANTA – PAIXÃO DO SENHOR

I. INTRODUÇÃO GERAL

O relato da paixão e morte de Jesus é um dos mais antigos escritos do Segundo Testamento. Corresponde ao núcleo central do querigma cristão. Jesus é Messias, anunciado nas Sagradas Escrituras, Filho de Deus que se fez carne, realizou sinais e prodígios, foi condenado e morto. Sua missão consistiu em realizar a vontade de Deus, amando a humanidade até o extremo. Seus posicionamentos não agradaram às instituições de poder. Foi perseguido, preso, julgado e condenado à morte. Injustamente, mataram o Justo (evangelho). Jesus é a figura do Servo sofredor, conforme descreve o Segundo Isaías. Um inocente sofre a paixão, carregando sobre si as nossas dores e nossos crimes. É desprezado por todos. Nele não há formosura e sinal nenhum de poder. Seu corpo foi sepultado entre os ímpios. O Servo amado de Deus, pelo caminho do sofrimento e da morte injustamente infligidos, resgatou a verdadeira justiça. A entrega de sua vida foi em reparação pelos pecados da humanidade (I leitura). As primeiras comunidades cristãs confessam que Jesus é o único e eterno sacerdote. Porque foi provado no sofrimento, é capaz de compadecer-se de nossas fraquezas e nos alcançar a misericórdia de que necessitamos (II leitura). Celebrar a paixão e a morte de Jesus é reconhecer e acolher o amor sem limites de Deus. Em atitude de gratidão e de arrependimento, deixamo-nos invadir pela sua graça, que nos transforma.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Jo 18,1-19,42): A paixão e a morte de Jesus
Após a oração sacerdotal de Jesus (Jo 17), o Evangelho de João faz a narrativa da sua paixão e morte. A oração consiste num insistente pedido ao Pai para que os discípulos sejam guardados de todo mal e o amor de Deus permaneça com eles. Jesus tem consciência de sua partida. A morte é consequência de sua fidelidade ao projeto de amor do Pai. Por essa fidelidade, Jesus entrega sua vida de forma consciente: “Ninguém tira a minha vida. Eu a dou livremente” (10,18).
Em um jardim se desencadeia o processo da paixão de Jesus. Também num jardim ele será crucificado e sepultado. O jardim é lugar simbólico. Lembra o paraíso terrestre. Lugar de beleza e fecundidade. O jardim do Gênesis foi profanado pelo orgulho humano: tornou-se espaço de divisão e morte. O jardim da morte de Jesus, porém, é o espaço do resgate definitivo da vida.
Jesus costumava reunir-se com seus discípulos no jardim, fora do lugar social das instituições de poder, com as quais, gradativamente, ele vai rompendo. Os discípulos demonstram dificuldade de entender a postura de Jesus. Judas, por exemplo, não consegue desvencilhar-se da ideologia dominante. Faz um acordo com os líderes religiosos de Jerusalém e entrega Jesus. Um batalhão de guardas armados é mobilizado para prendê-lo, sinal de que era realmente considerado um indivíduo perigoso para o sistema oficial de poder.
Procuram Jesus à noite. As trevas, no Evangelho de João, têm um significado especial: em oposição à luz, simbolizam o mal. A ação que está sendo executada é sinal da maldade do “mundo” (instituições que excluem e matam). Jesus, “consciente de tudo o que lhe acontecia”, apresenta-se com o título divino “Eu sou”, identificando-se com o Deus do Êxodo (Ex 3,14). Esse título, paradoxalmente, está ligado com a origem humilde de Jesus: Nazaré da Galileia. O nazareno é Deus. Não é por nada que os guardas caem por terra.
Também Pedro revela muita dificuldade de entender a proposta de Jesus. Sua mentalidade ainda se baseia na ideologia triunfalista. Jesus, porém, vai por outro caminho: a vitória da vida não se dá pelo confronto e pela violência, mas pela obediência ao amor a Deus e ao próximo, também aos inimigos. Foi realmente difícil para Pedro. Decepciona-se com Jesus e vai negá-lo. Mas não deixará de reconhecer profundamente sua falta e tornar-se um discípulo exemplar.
Tanto a instância religiosa, representada por Anás e Caifás, como a instância política do império romano, representada por Pilatos, não encontram motivos para a condenação de Jesus. Esta será efetivada por interesse e conveniência dos chefes. Não foi Deus que quis a morte de seu Filho. Ela foi consequência da opção de Jesus pela verdade e pela justiça, conforme se constata no seu testemunho diante de Pilatos.
O caminho da “via sacra” até a morte de cruz é a síntese de todo o sofrimento humano assumido por Jesus como gesto de extrema solidariedade. Ele se fez maldito (quem morre suspenso no madeiro é maldito de Deus: Dt 21,23) e foi crucificado entre dois malditos. Todos os crucificados e malditos deste mundo estão contemplados na morte de Jesus. Todos são redimidos no seu amor.
A cruz, para os cristãos, torna-se o caminho de seguimento de Jesus. Significa empenhar-se por um mundo de paz e justiça; renunciar ao poder em todas as suas dimensões; denunciar situações que geram exclusão e morte; assumir a causa dos pequeninos; doar-se cotidianamente pela causa da vida em plenitude, sem exclusão.
2. I leitura (Is 52,13-53,12): A missão do Servo sofredor
Vários textos do Segundo Testamento interpretam a paixão e a morte de Jesus à luz da profecia do Segundo Isaías. Especialmente com base nos quatro cânticos do Servo sofredor, percebe-se íntima ligação com o sofrimento de Jesus. Supõe-se até que Jesus tenha alicerçado sua missão sobre a teologia do Servo sofredor.
O texto para a meditação desta sexta-feira santa refere-se ao quarto cântico. O Segundo Isaías (caps. 40-55) é um movimento profético atuante no meio dos exilados na Babilônia em meados do século VI a.C. Busca incutir ânimo e esperança ao povo que está longe de sua terra, em situação de dor e desolação. É esse povo o “Servo sofredor”: desprezado, aviltado em sua dignidade humana, maltratado, sem beleza e sem importância; condenado injustamente como malfeitor e totalmente desprotegido, sem condições de defesa.
No entanto, esse povo desprezível e maltratado descobre-se como eleito por Deus para uma missão de solidariedade e expiação. Sobre si carrega as dores e enfermidades do mundo, os crimes e iniquidades da humanidade. Esse “Servo sofredor”, visto como um humilhado e castigado por Deus, pelo seu aniquilamento, proporcionou a cura de todos. Deus fez cair sobre seu Servo amado todas as faltas da humanidade. Por ele, os povos recebem o perdão e a paz.
É fácil perceber por que as comunidades cristãs primitivas aplicaram a Jesus a descrição do “Servo sofredor” do Segundo Isaías. Ele se fez Servo de todos e ofereceu sua vida em sacrifício expiatório. Pela sua morte, resgatou a vida de toda a humanidade. O justo condenado injustamente garantiu a nossa justificação.
3. II leitura (Hb 4,14-16; 5,7-9): Jesus é o único mediador entre a humanidade e Deus
Um dos objetivos da carta aos Hebreus é fortalecer a fé e o amor das comunidades cristãs. Para tanto, apresenta Jesus Cristo como único mediador entre a humanidade e Deus, superando todas as demais mediações, como a Lei e o Templo. Exorta a “manter-se firme na fé que professamos”, deixando transparecer que membros da comunidade cristã estavam “voltando atrás”, retomando concepções e práticas antigas.
Jesus é apresentado como o único sumo sacerdote e, portanto, já não há necessidade de outros sacerdócios. O sumo sacerdote do Templo entrava no Santo dos Santos, uma vez por ano, a fim de oferecer um sacrifício a Deus. Jesus, pela sua entrega sacrifical, derrubou todas as barreiras que dificultavam o acesso a Deus. Agora, por meio de Jesus, o sumo e eterno sacerdote, todo lugar e todo tempo são propícios para a comunhão com Deus.
O texto salienta a missão terrena de Jesus, sua encarnação, suas súplicas ao Pai em meio a terrível sofrimento, na confiança de que ele podia livrá-lo da morte. Foi obediente até o fim, e Deus o escutou. Jesus “atravessou os céus”, o verdadeiro Santo dos Santos; ofereceu o sacrifício definitivo para a expiação dos nossos pecados. Porque participou humildemente de nossa humanidade e de nossas fraquezas, é capaz de compaixão. Atravessou o céu sem afastar-se da realidade humana. Seu trono não é para juízo e condenação. Podemos nos aproximar dele, fonte de graça e de misericórdia, com toda a confiança, sem nenhum receio. O acesso a Deus está permanentemente aberto, e podemos contar com sua acolhida amorosa.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– A morte de Jesus foi consequência de sua fidelidade ao amor a Deus e ao próximo. Sua opção pela luz da verdade e da justiça não agradou aos que preferiam as trevas do egoísmo, da mentira e da dominação. Não é fácil entender a proposta de Jesus e aderir a ela. Judas preferiu unir-se aos interesses dos chefes de Jerusalém; Pedro o negou por três vezes… Também hoje existem maneiras diversas de trair e negar Jesus. Houve, porém, pessoas solidárias com Jesus, como as mulheres e o discípulo amado. Também José de Arimateia e Nicodemos… Nós somos chamados a seguir Jesus pela renúncia ao egoísmo e pelo amor vivido cotidianamente. Podemos ser-lhe solidários: ele se identifica com os pobres e sofredores.
– Jesus é o Servo de Deus que se ofereceu em sacrifício pela vida da humanidade. Assumiu a condição humana, foi incompreendido e desprezado, perseguido e condenado; “como cordeiro, foi levado ao matadouro”, porém, não usou de vingança nem de violência nenhuma. Como “Servo sofredor”, carregou nossas dores e expiou nossas faltas. Foi obediente ao Pai até o fim. Pela sua vida e pela sua morte, Jesus tornou-se “o caminho, a verdade e a vida”. É importante que nos questionemos a respeito das “fidelidades” que estamos assumindo em nossa vida: elas são coerentes com a proposta de Jesus ou preferimos o caminho das comodidades e da indiferença diante dos problemas que afetam a vida do ser humano hoje? Lembrar especialmente os problemas apontados pela CF-2014 quanto ao tráfico humano.
– Jesus é o nosso mediador junto ao Pai. Ele nos entende perfeitamente porque assumiu em seu próprio corpo os limites e fraquezas humanas. Ele se fez nosso irmão. Acolhe com ternura e misericórdia toda pessoa que a ele se dirige. Ele é fonte de todas as graças. Dele podemos nos aproximar sem medo, com toda a fé e confiança, na certeza do perdão, da ajuda em nossas necessidades e da garantia de vida eterna.


Fonte: Revista Vida Pastoral


Papa na Missa da Ceia do Senhor: "Servir uns aos outros é a herança que Ele nos deixou"

Cidade do Vaticano (RV) 

No final da tarde desta Quinta-feira Santa, o Papa Francisco presidiu a Missa da Ceia do Senhor no Centro “Santa Maria da Providência”, em Roma, quando repetiu o gesto de Jesus e lavou os pés de 12 deficientes assistidos pela Fundação Padre Gnocchi. A Missa, num clima de muita intimidade e familiaridade, foi concelebrada pelo Presidente da Fundação, Mons. Ângelo Bazzari e pelo Capelão do Centro, Padre Pasquale Schiavulli. O coro era formado por internos e por voluntários do Centro que animam a Missa aos domingos.

Na sua breve homilia, antes do rito do Lava-pés, o Santo Padre recordou que aquilo que Jesus fez na última Ceia foi um gesto de entrega. ”É como a herança que nos deixa”, afirmou. “Ele que é Deus se fez servo, servidor nosso. E esta é a herança: também vós deveis ser servidores uns dos outros. E Ele fez este caminho por amor: também vocês deveis amar-vos e serdes servidores no amor: “E faz este gesto de lavar os pés, que é um gesto simbólico. “O faziam os escravos, os servos aos comensais, às pessoas que vinham para a refeição, porque naquele tempo as estradas eram todas de terra e quando entravam em uma casa era necessário lavar-se os pés”.

“E Jesus faz este gesto - disse o Santo Padre - um trabalho, um serviço de escravo, de servo”, e acrescentou: “Nós devemos ser servidores uns dos outros. E por isto a Igreja, no dia de hoje, em que se comemora a Última Ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia, também faz, na cerimônia, este gesto de lavar os pés, que nos recorda que nós devemos ser servos uns dos outros. Agora eu farei este gesto, mas todos nós, no nosso coração, pensemos nos outros e pensemos no amor que Jesus nos disse que devemos ter pelos outros, e pensemos também como podemos servi-los melhor, as outras pessoas. Porque isto Jesus quis de nós”.


Após, o Papa Francisco lavou os pés de 12 pessoas assistidas pelo Instituto. O grupo, com idades entre 16 e 86 anos, era formado por italianos e estrangeiros, todos portadores de doenças ortopédicas, neurológicas e oncológicas que provocam invalidez. Entre estes, chamou a atenção o mais jovem do grupo, Oswaldinho, de 16 anos, nascido em Cabo Verde e residente em Roma. Em agosto de 2013, ao jogar-se no mar num local raso, teve um trauma vértebro-medular com tetraplegia imediata. Hoje se locomove em uma cadeira de rodas. Os doze assistidos simbolizam as velhas e novas formas de fragilidade nas quais a comunidade cristã é chamada a reconhecer Cristo sofredor e a dedicar atenção, solidariedade e caridade. (JE)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Papa propõe reflexão para a Semana Santa


 “A Semana Santa é um bom momento para confessar e retomar o caminho certo”, disse o papa Francisco no twitter, na última segunda feira dia 14. 

Como proposta para viver a Semana Santa que celebra a paixão, morte e ressurreição de Jesus, o papa Francisco convidou os fiéis a um exame de consciência. Na missa do Domingo de Ramos, 13, e procissão na Praça de São Pedro, o papa deixou de fazer a homilia e propôs momento de reflexão sobre a passagem bíblica que retrata a Paixão de Cristo.
 O papa sugeriu alguns caminhos para a Semana Santa e disse ser preciso questionar qual postura se deve assumir diante do Senhor. “Quem sou eu, diante de Jesus que sofre? Ouvimos muitos nomes. O grupo de líderes, alguns sacerdotes, alguns fariseus, alguns mestres da lei que tinham decidido matá-lo. Eles estavam esperando a oportunidade para prendê-lo”, disse.
Francisco falou sobre a atitude de Judas, que é retratado na Bíblia como o traidor. "Eu sou como Judas, que finge amar e beija o Mestre para entregá-lo, para traí-lo? Eu sou um traidor? Eu sou como os líderes que, com pressa, fazem o tribunal e procuram falsos testemunhos: Eu sou como eles? E quando eu faço essas coisas, se eu as faço, acredito que com isso salvo o povo?", acrescentou.

Onde está meu coração?

O papa continuou com as suas perguntas em meio a uma Praça silenciosa e reflexiva. “Eu sou como Pilatos que, quando vejo que a situação está difícil, eu lavo as minhas mãos e não sei assumir a minha responsabilidade e deixo condenar - ou condeno eu - as pessoas? Eu sou como aquela multidão que não sabia bem se se encontrava em uma reunião religiosa, ou num processo ou em um circo, e escolhe Barrabás? Para eles é a mesma coisa: era mais divertido humilhar Jesus”, afirmou.
O papa falou, ainda, do comportamento de José e de Maria que acompanharam o paixão de Jesus. “Eu sou como José, o discípulo escondido, que leva o corpo de Jesus com amor, para sepultá-lo? Eu sou como essas duas Marias que permanecem na porta do sepulcro, chorando, rezando? Eu sou como esses líderes que no dia seguinte foram a Pilatos para dizer: 'Mas, olha ele dizia que iria ressuscitar; que não seja mais um engano', e bloqueiam a vida, bloqueando o sepulcro para defender a doutrina, para que a vida não venha para fora? Onde está meu coração?”, questionou.
Ao concluir a reflexão, o papa Francisco pediu aos fiéis para que verifiquem com qual dos personagens cada um se identifica, propondo que esse questionamento seja vivido durante a Semana Santa.

Fonte: CNBB/Rádio Vaticana - Fotos: Divulgação

domingo, 6 de abril de 2014

Formação permanente para catequistas


No último sábado dia 05,  foi realizado na Comunidade São Francisco das Chagas - Lourival Parente, um encontro de formação permanente para os catequistas da nossa Paróquia, as palestrantes foram as catequistas Luciana e Nairane da nossa comunidade Paroquial, e membros da equipe de formadores da Arquidiocese de Teresina. Confira na integra, o texto usado para a formação.  


ARQUIDIOCESE DE TERESINA
COMISSÃO ARQUIDIOCESANA DE CATEQUESE
ENCONTRO ANUAL DE FORMAÇÃO CATEQUÉTICA – 2014
“Os desafios para transmissão da fé.”

SÍNTESE DO CONTEÚDO

Assessora: Ir. Graça Sabino- Regional NE 4 da CNBB - Setor de Catequese

“Jesus: Palavra Encarnada e Palavra Anunciada”.

INTRODUÇÃO

O tema do Encontro anual é “os desafios para a transmissão da fé”. O tema desta nossa reflexão é: “Jesus: Palavra Encarnada e Palavra Anunciada”. A palavra pastoral vem de Pastor. Quem trabalha na pastoral procura imitar Jesus, “o bom pastor” (Jo 10,11.14). Nesta reflexão vamos ver de perto como era a animação bíblica da prática de Jesus como Pastor.
Buscar a prática pedagógica de alguém é mergulhar na sua vida, no seu ambiente, nas suas relações, na sua fala, nos desafios de sua caminhada, no seu pensamento. É também entender a proposta que ele oferece aos que o escutam, bem como a sua maneira de oferecer esta proposta. Enfim, a pedagogia de uma pessoa revela quem ela é. Buscar a pedagogia de Jesus é entender o caminho que ele propôs, a maneira de ele chamar as pessoas para trilhar este caminho e o modo como ele mesmo trilhou este caminho.
Nesta reflexão vamos olhar, em primeiro lugar, para a pessoa de Jesus, como ele mesmo encarnou a Palavra em sua vida. Em segundo lugar, vamos olhar para o seu relacionamento com as outras pessoas, como lhes anunciava a Palavra de Deus.

1. Como Jesus encarnava a Palavra de Deus em sua vida

Antes de mais nada, é necessário lembrar um dado muito importante que condicionará tudo que vamos dizer sobre a encarnação da Palavra em Jesus e sobre o anúncio que ele fazia da mesma Palavra ao povo. Naquele tempo, ninguém tinha Bíblia em casa. Só havia uma única Bíblia para todos na Sinagoga. Era no ambiente orante comunitário tanto da Casa como da Sinagoga, que a Palavra era ouvida e meditada, anunciada e praticada.

2. Em Jesus “a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14)

Cada um de nós, pelo simples fato de nascer neste mundo, nasce num determinado lugar, numa determinada família, num determinado povo. Nasce marcado de muitas maneiras. Jesus também. A família, a cultura, a língua, o lugar do nascimento afetam a vida da gente de alto a baixo. E estas coisas, ninguém as escolhe. Elas fazem parte da existência humana. São o ponto de partida para qualquer coisa que se queira fazer na vida. É o mistério da encarnação! Jesus assumiu estes condicionamentos lá onde eles pesam mais, isto é, no meio dos pobres. Jesus era um "filho do carpinteiro" (Mt 13,55). "Sendo de condição divina, esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de empregado”, um no meio de muitos (Fl 2,6-7; cf. 2Cor 8,9). "Ele foi provado como nós, em todas as coisas, menos no pecado" (Hb 4,15). “Mesmo sendo filho de Deus, teve que aprender pelo sofrimento o que vem a ser a obediência” (Hb 5,8).
A encarnação da Palavra em Jesus foi um processo que se iniciou com o Sim obediente de Maria e terminou com o último Sim de Jesus na cruz quando disse: “Está tudo consumado” (Jo 19,30). Jesus deixou a Palavra de Deus entrar dentro de si, e ela tomou conta de tudo. Ele dizia: “Eu faço sempre o que o Pai me manda fazer” (Jo 12,50). “O meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34). Fazer a vontade do Pai e cumprir a missão era o eixo da vida de Jesus. Como diz a carta aos hebreus, citando o salmo: "Ao entrar no mundo ele afirmou: “Eis me aqui! Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vonta­de!" (Hb 10,5.7; Sl 40,8-9). Jesus se deixou moldar pela Palavra a cada momento da sua vida. Por isso podia dizer: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Como diz o povo do menino que se parece com o pai: “É a cara do pai!”
Esta encarnação da Palavra em Jesus não era automática, mas sim fruto de uma luta que ele travava dentro de si para obedecer ao Pai em tudo. Jesus dizia: "Por mim mesmo nada posso fazer: eu julgo segundo o que ouço" (Jo 5,30; 5,19). Não foi fácil. Para obedecer à Palavra do Pai, Jesus teve que desobedecer várias vezes às autoridades religiosas da época. Ele teve momentos difíceis, em que gritava: “Afasta de mim este cálice!” (Mc 14,36). Teve que pedir a ajuda dos amigos (Mt 26,38.40). Teve que rezar muito para poder vencer (Hb 5,7; Lc 22,41-46). Mas venceu! Ele mesmo o confirma: “Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Como diz a carta aos Hebreus: “Durante a sua vida na terra, Cristo fez orações e súplicas a Deus, em alta voz e com lágrimas, ao Deus que podia salvá-lo da morte. E Deus o escutou, porque ele foi submisso”. (Hb 5,7).

3. As etapas do processo da encarnação da Palavra de Deus em Jesus

Os três ambientes da formação de Jesus

·         Em CASA na família.
Na segunda carta a Timóteo transparecem os costumes familiares daquele tempo. Paulo diz: “Lembro-me da fé sincera que há em você (Timóteo), a mesma que havia antes na sua avó Lóide, depois em sua mãe Eunice e que agora, estou convencido, também há em você” (2Tim 1,5). E ainda: “Desde a infância você conhece as Sagradas Escrituras; elas têm o poder de comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo” (2Tim 3,15). A transmissão da fé nada mais era do que a leitura orante ou a ruminação constante da Palavra de Deus na convivência familiar. Esta mesma ruminação da Palavra transparece no Cântico de Maria (Lc 1,46-55), todo recheado de citações de salmos e outras evocações bíblicas. Sinal de que eles conheciam a Bíblia e rezavam os salmos a ponto de conhecê-los até de memória.

·         Na SINAGOGA em comunidade

Todo sábado Jesus participava da celebração da Palavra na sinagoga. Era o costume dele (Lc 4,16). O conhecimento que tinha da Bíblia vinha destas reuniões semanais na comunidade, onde se faziam duas leituras: da Lei e dos profetas (At 13,15). Em Nazaré, naquele sábado, Jesus fez a leitura do profeta Isaías (Lc 4,18,19; Is 61,1-2). Rabi Aquiba (Séc II) definiu as reuniões semanais com esta frase lapidar: “O mundo repousa sobre três colunas: a Lei, o Culto e o Amor”. A Lei é a Bíblia, o Culto é a reza dos salmos, o Amor é a vontade de ajudar o próximo. Até hoje as reuniões das nossas comunidades são assim.

·   No TEMPLO nas romarias com o povo

O ano litúrgico, marcado pelas grandes festas de Páscoa, Pentecostes e Tendas, mantinha no povo a memória das grandes etapas da sua história, narradas na Bíblia. Mantinha viva a consciência da sua pertença ao povo de Deus. Aqui se situam as romarias (Ex 23,14-17), nas quais Jesus participava desde doze anos de idade e que o empolgavam tanto a ponto de permanecer em Jerusalém no meio dos doutores para aprender mais as coisas de Deus, lembradas nas Escrituras (Lc 2,41-50).
Será que hoje conseguimos criar para nós, dentro da nossa realidade e cultura, através da nossa ação pastoral, um ritmo comunitário orante que seja diário, semanal e anual e envolva a família, a comunidade e a paróquia? Este é o grande desafio para nós que queremos retomar hoje o caminho de Jesus e sermos seus discípulos e discípulas.

O contexto mais amplo do ambiente em que Jesus se formou

As propostas pedagógicas da época de Jesus

Conhecer a prática pedagógica daquela época ajuda a entender melhor a prática pedagógica de Jesus. Na sociedade judaica, no primeiro século da Era Cristã, os rabinos eram os grandes educadores. Para exercer esta função, o candidato devia freqüentar a Escola dos Escribas em Jerusalém (Eclo 51,23; At 22,3). Durante o tempo de preparação, os candidatos deviam apropriar-se de um conteúdo básico que incluía o estudo das Escrituras e da Tradição dos Antigos (Eclo 39,1-11). Depois de formados, voltavam para suas aldeias e educavam as pessoas, convivendo e compartilhando com elas os afazeres cotidianos. Dividiam seu dia em três partes: oito horas para o estudo, oito horas para o trabalho e oito horas para o descanso. Dando exemplo de uma vida disciplinada, os escribas eram respeitados e temidos pelo povo da aldeia.
Na sua prática educacional, os rabinos ocupavam os dois principais espaços da aldeia. O primeiro espaço era o culto semanal na sinagoga. Aqui a leitura da Escritura era feita em hebraico e a explicação para o povo era feita em aramaico. Esta interpretação visava dar ao povo elementos necessários para viver a fé e, ao mesmo tempo, resistir às forças desagregadoras da ocupação romana. Educar era antes de tudo, preservar as tradições e não se deixar envolver pelas propostas do mundo cultural greco-romano. O segundo espaço era a escola, que funcionava junto à sinagoga (cf. At 15,21). Aqui o rabino era realmente um professor. Na escola os meninos da aldeia aprendiam a ler e a escrever. As meninas estavam excluídas. O estudo permitia que os meninos, aos treze anos, fizessem o rito de iniciação chamado de Bar Mitzvah. Neste dia o menino, lendo e interpretando uma passagem da Escritura diante de sua comunidade, demonstrava ter o discernimento necessário para tomar decisões. A partir deste dia era considerado um adulto. Portanto, a prática pedagógica dos rabinos visava a maturidade das pessoas para que elas pudessem ser membros ativos da vida social, participando das decisões tanto da aldeia quanto do país.
Ocupando estes dois espaços numa pequena aldeia, o escriba tornava-se uma referencia forte e obrigatória, metendo-se na vida de todos, opinando e interferindo, mesmo quando não era chamado. Na verdade um rabino era a grande autoridade do lugar. Ele podia entrar nas casas e vistoriar bens, comidas e roupas (Lv 14,33-56;Mt 23,14). Podia expulsar qualquer membro da comunidade que apresentasse algum sintoma de “lepra” e que poderia colocar em risco a vida das pessoas da comunidade (Lv 13,1-59). Sentado na cátedra da sinagoga (Mt 23,2), ele definia o rumo da vida das pessoas colocadas sob sua guarda. Tinha muito poder e sabia exercê-lo.

A escola de Jesus

Jesus não teve a oportunidade, como o apóstolo Paulo, de estudar na escola superior de Jerusalém com um doutor como Gamaliel (At 22,3). Dos trinta e três anos da sua vida, ele passou mais de trinta no anonimato, em Nazaré, uma aldeia pequena e sem importância (Jo 1,46). Lá ele viveu e se formou, aprendendo em casa com a família e na comunidade com o povo (cf. Lc 2,52). Esta foi a ESCOLA de Jesus.
A escola de Jesus era, antes de tudo, a vida em casa, na família, onde vivia com os pais, obediente a eles (Lc 2,51). Mas é bom sabermos que “família”, naquela época, reunia muita gente. Na verdade eram famílias ampliadas, reunindo pessoas unidas por laços de parentesco e que hoje chamamos de “clã”. Foi lá, no meio de muita gente, que ele aprendeu a amar, a andar, a falar, a conviver, a rezar, a trabalhar, a pensar.
A escola de Jesus era a Bíblia, lida na comunidade (sinagoga) e ruminada em casa. Pelos evangelhos, como veremos mais adiante, a gente percebe que Jesus conhecia muito bem a Bíblia. Se alguém juntar todas as alusões ou citações que Jesus faz da Bíblia, perceberá que ele conhecia a Bíblia de cor e salteado. Fruto da participação nas reuniões da comunidade, dos doze aos trinta anos de idade, o tempo em que viveu em Nazaré. Do contrário, não teria chegado a conhecer tão bem a Bíblia.
A escola de Jesus era a Tradição, transmitida pelos escribas ou doutores da lei. Jesus reconhece a autoridade dos escribas, os teólogos da época. Mas avisa: "Façam o que eles dizem, mas não o que eles fazem!" (Mt 23,3) Reconhece que eles transmitem a vontade de Deus. Mas denuncia: muita coisa do que eles exigem não tem nada a ver com a vontade do Pai. Eles esvaziam o mandamento de Deus (Mc 7,13). “Vocês abandonam o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens." (Mc 7,8)
A escola de Jesus era a convivência com o povo de Nazaré. Nazaré era um povoado pequeno, onde todo mundo conhecia todo mundo. Eles conheciam Jesus e a sua família (Mc 6,3). Jesus conhecia o povo (Jo 2,24-25). Nesta convivência de mais de trinta anos aprendeu as inúmeras coisas que todos nós aprendemos naturalmente, ao longo dos anos da vida: as tradições, os costumes, as festas, os jogos, os cânticos, os tabus, as histórias, os medos, as doenças, os poderes, os remédios.
A escola de Jesus era o trabalho. Jesus se formou trabalhando. Aprendeu a profissão de seu pai (Mt 13,55). A palavra carpinteiro que define a profissão de Jesus dá a idéia de um artesão da comunidade. Jesus servia ao povo de Nazaré como carpinteiro, pedreiro e ferreiro (Mc 6,3). Além disso, como todo judeu do interior, trabalhava na roça como agricultor. Carpintaria e Roça! Trabalho duro para viver e sobreviver. Na Galiléia a terra não é ruim. Dá o suficiente para o povo viver. Mas os impostos eram altos e o controle fiscal rígido. Havia muitos cobradores de impostos, chamados de publicanos (Mc 2,14.15). O povo não tinha defesa contra o sistema que o explorava.
A escola de Jesus era o mundo. O povo da Galiléia tinha uma maneira diferente de conviver com os outros povos. Era mais aberto e mais ecumênico que o da Judéia, no Sul. A Galiléia estava cercada de cidades pagãs, todas elas grandes centros comerciais: Damasco, Tiro, Sidônia, Ptolemaida, Cesaréia, Samaria e a Decápole. Por isso, os judeus da Galiléia tinham mais contato com os pagãos do que os da Judéia. Este contato mais freqüente com os outros povos teve influência na formação de Jesus. Ele não se fecha nos limites históricos de Israel e viaja para as regiões de Tiro e Sidônia (Mc 7, 24.31), da Decápole (Mc 5,1.20; 7,31), de Cesaréia de Filipe (Mc 8,27) e de Samaria (Lc 17, 11). Andando por esses lugares, ele conversa com o povo que os judeus mais fechados consideravam impuro (Mc 7,24-29; Jo 4,7-42). Jesus reconhece o valor e a fé de pessoas que não eram judias e aprende delas (Mt 8,10; 15,28).
A escola de Jesus era a sua vida de intimidade com Deus, seu Pai. Jesus rezava muito. Passava noites em oração (Lc 6,12). Na oração, procurava saber o que o Pai queria dele (Mt 26,39). Na medida em que crescia nele a intimidade com o Pai, crescia também a consciência de filho. Jesus adquiria um olhar diferente para ler e entender a Bíblia e a vida. A Bíblia era lida e ensinada pelos fariseus e escribas a partir de uma determinada idéia de Deus. Jesus, que experimentava Deus como Pai, já não podia concordar com tudo que se ensinava na sinagoga. Ele foi descobrindo que os apelos da vida humana falam tanto e até mais de Deus do que todos os preceitos e doutrinas transmitidas pela Bíblia.

A prática pastoral de Jesus

A palavra seguir é o termo que define a prática pastoral de Jesus. Tal palavra indica o tipo especial de relacionamento entre Jesus, chamado mestre, e os seus seguidores e seguidoras, chamados discípulos e discípulas. Este relacionamento mestre-discípulo é muito diferente do relacionamento professor-aluno. Seguindo o mestre, o discípulo aprende convivendo com ele. Só entenderemos a prática pastoral de Jesus se entendermos sua prática formativa desenvolvida na convivência com as pessoas que o seguiam. Formando uma comunidade com seus discípulos, Jesus aponta como caminho pedagógico sua prática de ser um com eles. Vamos destacar alguns passos deste método educativo de convivência comunitária.

Uma pastoral que parte da realidade

Jesus convida as pessoas à reflexão a partir das coisas ou dos fatos mais corriqueiros. Salgar a comida (Mt5,13), acender uma lâmpada (Mt 5,14), pescadores que puxam rede (Mt 13,47), camponeses semeando (Mt13,4), plantas que crescem (Mt 13,31), pastores trabalhando (Lc 15,4), uma galinha choca que protege seus pintainhos debaixo das asas (Mt 23,37), uma torre que cai sobre os operários (Lc 13,4), mulher fazendo pão (Lc 13,20), filhos que saem de casa (Lc 15,13), brigas familiares (Mc 3,25), juízes corruptos (Lc 18,2), trabalhadores desempregados (Mt 20,7), mendigos sentados nas portas (Lc 16,20), odres que se rompem (Mc 2,22), roupas remendadas (Mt 9,16), festa de casamento (Mt 22,2)... Qualquer situação humana é material suficiente para Jesus transmitir um ensinamento. Sua pedagogia parte da observação, da realidade, do cotidiano. Nada de decorar conteúdos ou raciocinar em cima de abstrações, mas de analisar fatos e situações bem concretas. Partindo destas situações caseiras, Jesus consegue se fazer entender por qualquer pessoa (Lc 10,21), permitindo que sua mensagem atinja a todos, sem discriminação.

Uma pastoral participativa

Ao optar pelo ensinamento através de parábolas, Jesus adota uma pastoral de participação do ouvinte. A palavra parábola vem do grego e significa “comparação”. Na verdade, parábola tenta traduzir o hebraico mashal. Um mashal é mais do que uma comparação. Mashal é uma sentença sapiencial, uma frase, um dito, um provérbio, enfim, o alicerce da Sabedoria que define o pensamento próprio do povo de Israel (cf. Sl 78,1-8). Ao adotar o mashal como instrumento pedagógico (Mc 4,33), Jesus está sendo fiel ao pensamento e à cultura de seu povo. Ao construir suas historietas, seus contos, seus “causos”, Jesus sabe que o mashal só se completa com a reação e a participação do ouvinte. Desta forma, vemos que Jesus faz sua opção por uma pedagogia participativa e de fácil acesso, sendo compreendido por todos.
A parábola provoca. Ela é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz descobrir. Ela leva a pessoa a refletir sobre a sua própria experiência de vida, e faz com que esta experiência a leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano, no dia-a-dia. Esta era a novidade da Boa Nova trazida por Jesus, diferente dos doutores que ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei. Jesus diz: “O Reino está presente no meio de vocês!” (Lc 17,21). A parábola muda os olhos, faz da pessoa uma observadora da realidade. Certa vez, um bispo perguntou na comunidade: “Jesus falou que devemos ser como sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim, encon­traram mais de dez finalidades para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à própria comunidade e desco­briram que ser sal é difícil e exigente! A parábola funcionou e ajudou-os a dar um passo. Jesus tinha uma capacidade muito grande de comparar as coisas de Deus como as coisas mais simples da vida. Isto supõe duas coisas que marcam a pedagogia de Jesus: estar bem por dentro das coisas da vida do povo, e estar bem por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus.

Uma pastoral que cria comunidades

Jesus propõe um caminho. No seu esforço de ser um com seus discípulos e discípulas, Jesus oferece a todos uma convivência. Nesta proposta ele não seleciona pessoas. Acolhe a todos e todas. Sabe conviver com todos, transmitindo e ensinando qualquer um que se proponha a ouvi-lo. Por outro lado, Jesus não trata a todos por igual. Ele sabe distinguir as pessoas com métodos particulares, conforme a situação peculiar de cada uma delas. Tanto Nicodemos quanto a samaritana receberam um ensinamento sobre o batismo. Mas o diálogo de Jesus com Nicodemos não é o mesmo que ele estabelece com a samaritana.
Ao longo daqueles três anos, Jesus acompanha os discípulos e as discípulas. Ele é o amigo (Jo 15,15) que convive com elas e eles, conversa com eles, come com eles, anda com eles, alegra-se com eles, sofre com eles. É através desta convivência pedagógica que os discípulos e as discípulas se formam. Muitos pequenos gestos refletem o testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos. O seu jeito de ser e de conviver com os amigos, de relacionar-se com as pessoas e de acolher o povo que vinha falar com ele era a maneira de ele dar forma humana à sua experiência de Deus como Pai.
Um ponto importante nesta prática pastoral é saber delegar, engajar e envolver os discípulos e discípulas na sua própria missão. Desde o primeiro momento do chamado, ele os envolve na missão (Lc 9,1-2; 10,1). Devem ir, dois a dois, para anunciar a chegada do Reino (Mt 10,7; Lc 10,1.9), curar os doentes (Lc 9,2), expulsar os demônios (Mc 3, 15), anunciar a paz (Lc 10,5; Mt 10,13) e rezar pela continuidade da missão (Lc 10,2). Ele os forma dentro da ação, envolvendo-os na missão que ele mesmo estava realizando em obediência ao Pai.

Uma pastoral libertadora.

Jesus vive e faz o que ensina e ninguém consegue acusá-lo de algum pecado (Jo 8,46). Ele é livre e comunica liberdade aos que o cercam (Jo 8,32-36), dando-lhes coragem de transgredir as tradições caducas dos escribas e arrancar espigas no campo (Mt 12, 1-8). Com os discípulos e discípulas cria relações intensas e profundas que ajudam as pessoas a crescer e se libertar. Ele soube ser:
Amigo, que comparte tudo, até mesmo o segredo do Pai (Jo 15,15).
Carinhoso, capaz de provocar respostas fortes de amor (Lc 7,37-38; 8,2-3; Jo 21,15-17; Mc 14,3-9).
Atencioso, preocupa-se com a alimentação (Jo 21,9) e o descanso deles (Mc 6,31).
Pacificador, inspira paz e reconciliação (Jo 20,19; Mt 10,26-33; Mt 18,18-22; Mt 16,19).
Comprometido, defende os amigos quando são criticados pelos adversários (Mc 2,18-19; 7,5-13).
Realista e observador, desperta a atenção dos discípulos para as coisas da vida (Lc 8,4-8).
Livre, desperta e provoca liberdade e libertação (Mc 2,27; 2,18.23)
Misericordioso, manso e humilde, acolhe a todos, especialmente os pobres (Mt 11,28).
Preocupado com a situação do povo, esquece o próprio cansaço e acolhe o povo (Mt 9,36-38).
Compreensivo, aceita os discípulos do jeito que são, até mesmo a fuga, a negação e a traição, sem romper com eles (Mc 14,27-28; Jn 6,67).
* Numa palavra, Jesus é humano, muito humano, tão humano como só Deus pode ser humano!
Deste modo, pelo seu jeito de ser e pelo testemunho de sua vida, Jesus encarnava o amor de Deus e o revelava aos discípulos (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Tornava-se para eles uma pessoa significativa que os marcou pelo resto de sua vida como "caminho, verdade e vida" (Jo 14,6).

REFERÊNCIAS:
             Bíblia de Jerusalém
Livros do CEBI - CNBB
A Palavra de Deus ecoa também nas CEB´s
Leitura Orante da Bíblia
1º Congresso de Animação Biblica-catequética
 [1] Carlos Mesters e Francisco Orofino


[1] Carlos Mesters e Francisco Orofino fazem parte do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), entidade ecumênica criada em 1977 para aprofundar, articular e intensificar a leitura da Bíblia que o povo já fazia nas comunidades. O objetivo do CEBI é promover uma leitura libertadora da Bíblia a serviço da pastoral popular das igrejas cristãs. Este escrito é fruto de um trabalho nas Comunidades Eclesiais de base e grupos dos movimentos populares.