Com jubilo, a Igreja solenemente, celebra o nascimento de São João Batista. Santo que, juntamente
com a Santíssima Virgem Maria, é o único a ter o aniversário natalício
recordado pela liturgia.
João Batista nasceu seis meses antes de Jesus Cristo, seu primo,
e foi um anjo quem revelou o seu nome ao seu pai, Zacarias, que há muitos anos
rezava com sua esposa para terem um filho.
Estudiosos mostram que
possivelmente depois de idade adequada, João teria participado da vida
monástica de uma comunidade rigorista, na qual, à beira do Rio Jordão ou Mar Morto,
vivia em profunda penitência e oração.
Pode-se chegar a essa
conclusão a partir do texto de Mateus: “João usava um traje de pêlo de camelo, com um cinto de couro à
volta dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”. O que o tornou tão importante para a
história do Cristianismo é que, além de ser o último profeta a anunciar o
Messias, foi ele quem preparou o caminho do Senhor com pregações conclamando os
fiéis à mudança de vida e ao batismo de penitência (por isso “Batista”).
Como nos ensinam as
Sagradas Escrituras: “Eu vos batizo na água, em vista da conversão; mas aquele que vem
depois de mim é mais forte do que eu: eu não sou digno de tirar-lhe as
sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo” (Mateus 3,11).
Os Evangelhos nos revelam a inauguração da missão salvífica de
Jesus a partir do batismo recebido pelas mãos do precursor João e da manifestação
da Trindade Santa. João, ao reconhecer e apresentar Jesus como o Cristo,
continuou sua missão em sentido descendente, a fim de que somente o Messias
aparecesse.
Grande anunciador do Reino e denunciador dos pecados, ele foi
preso por não concordar com as atitudes pecaminosas de Herodes, acabando
decapitado devido ao ódio de Herodíades, que fora esposa do irmão deste
[Herodes], com a qual este vivia pecaminosamente.
O grande homem morreu na
santidade e reconhecido pelo próprio Cristo: “Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não
surgiu ninguém maior que João, o Batista” (Mateus 11,11).
A Palavra de Deus
apresenta-nos a figura profética de João Batista. Escolhido por Deus para ser
profeta, ainda antes de nascer, ele é um “dom de Deus” ao seu Povo. Sublinhando
a importância de João na história da salvação, a liturgia não deixa, contudo,
de mostrar que João não é “a salvação”; ele veio, apenas, dirigir o olhar dos
homens para Cristo e preparar o coração dos homens para acolher “a salvação”
que estava para chegar.
A primeira leitura apresenta-nos uma misteriosa figura profética, eleita por
Deus desde o seio materno, a fim de ser a “luz das nações” e levar a Palavra ao
coração e à vida de todos os homens. Impressiona especialmente a centralidade
que Deus assume na vida do profeta: toda a missão profética brota de Deus e sustenta-se
de Deus.
Na segunda leitura,
Paulo fala aos judeus de Antioquia do profeta João. Na perspectiva de Paulo, a
missão de João consistiu em convidar os homens a uma mudança de vida e de
mentalidade, numa espécie de primeiro passo para acolher o “Reino” que Jesus
veio, depois, propor. Paulo deixa claro que João não é o Messias libertador,
mas sim aquele que vem preparar o coração dos homens para acolher o Messias.
O Evangelho relata o
nascimento de João. Na perspectiva de Lucas, os acontecimentos ligados ao seu
nascimento mostram como o profeta João é um “dom de Deus”. Começa, nessa
altura, a tornar-se claro para todos que Deus está por detrás da existência de
João, e que a sua missão é ser um sinal de Deus no meio dos homens.
Josiano Soares Pitombeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário