Liberdade até o fim
Jesus, em toda a sua vida pública,
esteve pleno do Espírito Santo. Para destacar a presença do Espírito em Jesus,
o evangelho narra a descida dele sobre o Senhor nas águas do Jordão, quando o
“céu se abriu” (Lc 3,21). Cheio do Espírito e movido por ele (Rm 8,13), Jesus
vai ao deserto repetir a experiência de Moisés e do povo (Ex 16,35; 24,18; Nm
14,33) e, de certa forma, a de Adão no paraíso. Nem Adão nem o povo superaram a
prova, pois, não estavam repletos do Espírito Santo.
A Quaresma, isto é, os 40 dias que
estamos vivendo liturgicamente, significam a experiência de uma nova etapa da
vida, pela qual nos tornamos plenos do Espírito para bem realizarmos a
atividade missionária. Na realização do projeto de Deus, não podemos vacilar. É
pelo Espírito que vencemos as tentações.
Ir ao deserto, portanto, é
intensificar a experiência de Deus e firmar as opções fundamentais. Jesus foi
ao deserto, mas não sozinho, tampouco esteve abandonado. Mais tarde, no momento
da cruz, quando completar seu caminho e realizar plenamente a missão, naquela
hora em que tudo parecerá vazio, quando tudo será dor, o seu grito ecoará
confiança e não desespero: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc
23,46).
No relato do evangelho de hoje (Jo
12,20-33), Jesus se expressa com certa angústia ao se aproximar a hora da cruz.
Com a liberdade que lhe é própria, é capaz de enfrentar as consequências de uma
vida tecida pela liberdade. Daí, de novo, expressar toda a sua confiança
naquele ao qual serve de todo o coração: “Pai, glorifica o teu nome” (Jo
12,28). Glorificar o nome de Deus é não desistir nunca da vida, mesmo diante da
cruz.
Somos a comunidade dos seguidores e
seguidoras de Jesus. Desse modo, somos chamados à fidelidade ao projeto de
Deus. Mas é preciso ressaltar: seremos fiéis se movidos pelo Espírito. O
Espírito é dom (Gl 3,1-5).
Nesse sentido, a comunidade, mesmo
passando por tentações, se guiada pelo Espírito, é capaz de superar todas as adversidades.
Os discípulos de todos os tempos e lugares, a exemplo de Jesus, são chamados a
empreender esforços para não se desviar do caminho. Caminho que tem o Espírito
como guia. É pelo Espírito que a comunidade vencerá todas as tentações e
realizará com alegria a aliança de amor, que jamais se quebrará, porque
impressa pelo Espírito em nosso coração.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
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