Hoje, no
«Alegra-te, cheia de graça!» (Lc 1,28) escutamos pela primeira vez o nome da
Mãe de Deus: Maria (segunda frase do arcanjo Gabriel). Ela tem a plenitude da
graça e dos dons. Chama-se assim: «kecharitoméne» , «cheia de graça» (saudação
do Anjo).
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Possivelmente
com 15 anos e só, Maria tem que dar uma resposta que mudará a história inteira
da humanidade. São Bernardo suplicava: «Oferece-se te o preço de nossa
Redenção. Seremos libertos imediatamente, se dizei que sim. O orbe todo está a
seus pés esperando sua resposta. Ó minha senhora, dizei uma palavra e recebei a
Palavra proferi uma palavra e recebei a palavra divina, dizei uma palavra
transitória e recebei a eterna, Deus espera uma resposta livre e cheia de
graça, representando a todos os necessitados da Redenção, responde: «Génoitó
moi» Faça-se em mim! A partir de hoje Maria fica livremente unida à Obra do seu
Filho, hoje começa sua Mediação. A partir de hoje é Mãe dos que são um só, em
Cristo Jesus (Gal 3,28).
Bento XVI disse em uma entrevista; «Ousai decisões definitivas, porque na verdade são as únicas que não destroem a liberdade, mas lhe criam a justa direção, possibilitando seguir em frente e alcançar algo de grande na vida. Sem dúvida, a vida só pode valer se tiverdes a coragem da aventura, a confiança de que o Senhor nunca vos deixará sozinhos. Eu digo-vos: Coragem! Tomar o risco - o salto ao decisivo - e com isso aceitar a vida por inteira, isso desejo transmitir». Maria: Eis aqui um exemplo!
São José também não fica à margem dos planos de Deus: ele deve receber sua esposa e pôr o nome ao filho (cfr. Mt 1,20s): Jesua, «o Senhor salva». E o faz. Outro exemplo!
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Com o anúncio
do anjo Gabriel e a aceitação de Maria da vontade divina expressa de encarnar
nas suas entranhas, Deus assume a natureza humana – «assumiu em tudo a nossa
condição humana, salvo no pecado» – para nos elevar à condição de filhos de
Deus e fazer-nos assim participantes da Sua natureza divina. O mistério da fé é
tão grande que Maria, perante este anúncio, fica como que assustada. Gabriel
diz-lhe: «Não tenhas medo, Maria!» (Lc 1,30): o Todo-Poderoso olhou-te com
predileção, escolheu-te para Mãe do Salvador do mundo. As iniciativas divinas
destroem os débeis argumentos humanos.
«Não tenhas
medo!», Palavras que lemos frequentemente no Evangelho; o próprio Senhor as
terá de repetir aos Apóstolos quando estes sintam de perto a força sobrenatural
e também o medo ou susto perante as obras prodigiosas de Deus. Podemos
perguntar-nos qual a razão deste medo. Será um medo mau, um temor irracional?
Não! É um temor lógico naqueles que se vêem pequenos e pobres face a Deus, que
sentem distintamente a sua fraqueza, a debilidade perante a grandeza divina e
experimentam a sua penúria frente à riqueza do Onipotente. O Papa São Leão
pergunta: «Quem não verá em Cristo a sua própria debilidade?». Maria, a humilde
jovem da aldeia, acha-se tão pouca coisa…, mas em Cristo sente-se forte e o
medo desaparece!
Então
compreendemos bem que Cristo «tenha escolhido o que para o mundo é fraqueza,
para envergonhar o que é forte (1Cor 1,26). O Senhor olha-a, vendo a pequenez
da sua escrava e realizando nela a maior maravilha da história: a Encarnação do
Verbo Eterno como Cabeça de uma Humanidade renovada. Que bem se aplicam a Maria
aquelas palavras que Bernanos disse à protagonista de “La alegria”:
«Reconfortava-a e consolava-a maravilhosamente um sentido raro da sua própria
fraqueza, porque era como se fosse o sinal inefável da presença de Deus nela; o
próprio Deus resplandecia no seu coração».
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