Deus e o comércio
Jesus encontrou vendedores no templo explorando o
comércio de bois, ovelhas e pombas. Fez um chicote, expulsou-os dali e
esbravejou, dizendo que não deveriam fazer da casa de seu Pai um mercado. A
atitude de Jesus nos faz pensar no modo como nossas comunidades lidam com o
dinheiro.
Seria impossível nossas comunidades se organizarem
sem dinheiro. Entretanto, muitas vezes, apesar das boas intenções, há quem dê
tanto destaque a campanhas de arrecadação, rifas, leilões e festas, que fica a
impressão de que a coisa mais importante de uma comunidade é arrecadar fundos.
Ou ainda a ênfase dada ao dízimo é tão grande, que a própria celebração da
Palavra pode ficar em segundo plano. Por vezes, os convites para as festas e
quermesses ocupam quase o mesmo tempo que a homilia.
A função central da comunidade é cumprir o mandato
de Jesus de celebrar e viver a sua Palavra. O dízimo deve ser incentivado como
compromisso e expressão concreta de doação, e não para separar a comunidade em
dizimistas e não dizimistas. A salvação é graça de Deus, e não há dinheiro que
a compre. Seria escandaloso se em alguma comunidade cristã o caixa estivesse
cheio e houvesse algum irmão passando grave necessidade.
Jesus não tolerou a transformação do templo – lugar
que deveria ser de encontro das pessoas para louvar a Deus – em centro
comercial. Não porque o comércio seja coisa má. Ao contrário, é uma atividade
tão digna quanto a agricultura, o ensino, a indústria. As atividades
econômicas, por si, são formas inteligentes de distribuir os bens e recompensar
aqueles que trabalham. No entanto, não podem ser exercidas de qualquer modo, pois
atividade nenhuma pode estar acima do bem-estar integral do ser humano. Nossas
comunidades não só podem, como também devem ocupar-se da sua organização
financeira. Mas a organização financeira existe para dar suporte às atividades
pastorais, socorrer os necessitados, manter o local das celebrações limpo e
organizado. Tudo isso para a glória de Deus, e não para o luxo de uns poucos. O
papa Francisco tem nos dado muito bom exemplo a esse respeito.
O que dizemos da comunidade, também podemos aplicar
a cada um de nós: não nos transformemos em escravos do dinheiro. Somos o templo
de Deus. Não exploremos nossos irmãos, eles são também templo de Deus.
Pe.
Claudiano Avelino dos Santos, ssp
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