Hino da Padroeira

sábado, 27 de setembro de 2014

DIA DA BÍBLIA

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)


No último domingo do mês de setembro (28) celebramos o Dia Nacional da Bíblia. A Igreja no Brasil dedica este mês à Bíblia. Neste ano aprofundamos o tema: “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Mateus”, motivados pelo lema: “Ide fazer discípulos e ensinai”. A motivação deste mês temático vem do fato de a Igreja celebrar em 30 de setembro a memória do grande santo e doutor da Igreja, São Jerônimo, que, a pedido do Papa Dâmaso (366-384), preparou a tradução da Bíblia em latim, a partir das línguas originais. Foi um trabalho gigantesco, que demandou muitos anos e estudos. São Jerônimo dizia que quem não conhece os Evangelhos não conhece Cristo.

São Jerônimo (347-420), chamado de “Doutor Bíblico”, nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma; é um dos Padres da Igreja Latina; sabia o grego, o latim e o hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379, foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de São Gregório Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do Papa São Dâmaso. Pregava o ideal de santidade entre as mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia os maus costumes do clero. Na figura de São Jerônimo destacam-se a austeridade, o temperamento forte, o amor à Igreja e à Sé de Pedro.

Conhecer a Palavra de Deus é fundamental para todo cristão. A Carta aos hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12). Jesus conhecia profundamente o Antigo Testamento.  Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, Ele venceu o demônio lançando em seu rosto, por três vezes, a santa Palavra.  Quando o tentador pediu que Ele transformasse as pedras em pães para provar Sua filiação divina, Jesus lhe disse: “O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt 8,3c).

É preciso acolher, ler e estudar a Bíblia todos os dias! O Papa Francisco insiste sempre em levarmos no bolso (e nos aplicativos) um exemplar do Evangelho para ler durante o dia onde quer que estejamos. Isso nos faz aquecer a alma com um trecho dela; e saber usá-la nos momentos de dor, dúvida, angústia, medo etc. Abra a Palavra, deixe Deus falar a seu coração. E fale com Deus; é a maneira mais fácil de rezar (Leitura, Meditação, Oração e Contemplação). O Espírito Santo nos ensina essa verdade pela boca do profeta Isaías; cuja boca tornou “semelhante a uma espada afiada” (Is 49,2): “Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter fecundado e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à Palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido a sua missão” (Is 55,10).

A Palavra de Deus é transformadora, santificante! São Paulo explica isso a seu jovem discípulo Timóteo, com toda convicção: “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça” (2Tm 3,16). Ela é, portanto, um instrumento indispensável para a nossa santificação. Não conseguiremos ter “os mesmos sentimentos de Cristo” (Fl 2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a sua santa Palavra. São Jerônimo dizia que “quem não conhece o Evangelho não conhece Jesus Cristo”. Jesus nos ensina que “a Escritura não pode ser desprezada” (Jo 10,34). São Paulo recomendava a Timóteo: “aplica-te à leitura da Palavra” (1Tm 4,13). Ela não é palavra humana, mas “palavra de Deus... que age eficazmente em vós” (1Ts 2,13).

Jesus é a própria Palavra de Deus, o Verbo de Deus que se fez carne (Jo 1,1s). “No livro do Apocalipse, São João viu o Filho do homem”… “e de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes” (Ap 1,16). É o símbolo tradicional da irresistível penetração da Palavra de Deus. Além da leitura, é muito importante aprofundar o conhecimento das escrituras. Cada ano, no Brasil, no Mês da Bíblia somos convidados a aprofundar um dos livros bíblicos. É preciso estudar a Bíblia, fazer um curso bíblico ou outros tipos de aprofundamento para que não caiamos em fanatismos e fundamentalismos. Ela não é um livro de ciência, mas, sim, da revelação da vontade de Deus para nossa salvação.

É a Igreja quem tem o serviço de interpretar os textos bíblicos. E isso é feito de maneira especial através do Sagrado Magistério, dirigido pela cátedra de Pedro (o Papa), e da Sagrada Tradição Apostólica, que constitui o acervo sagrado da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo lhe revelou no passado e continua fazendo no presente. (Jo 14, 15.25; 16, 12-13).  Conduzidos pelo Espírito e alicerçados no Magistério poderemos caminhar com segurança, acolhendo a Palavra de Deus em nossas vidas: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,13a).

Que a leitura orante (lectio divina) juntamente com o aprofundamento e conhecimento das Sagradas Escrituras neste mês temático e em todos os dias das nossas vidas, nos ajude ainda mais a amar as Escrituras e encontrar, na revelação, Jesus Cristo Nosso Senhor, nossa vida e salvação. A Ele queremos seguir e anunciar aos irmãos e irmãs. Ele é a Palavra que se fez carne e veio habitar no meio de nós! N’Ele está a vida e a salvação!


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