ALIANÇA DE
AMOR
A eucaristia é a celebração da aliança de Deus com o ser humano e deste
com Deus e com o próprio semelhante.
O anseio de se aliar, de se relacionar e se comunicar com Deus e com os
próprios semelhantes sempre acompanhou o ser humano ao longo de sua atormentada
viagem pelas estradas do mundo. Compartilhar derrotas e vitórias, incertezas e
esperanças é o desejo próprio do ser social.
A aspiração à fraternidade, à unidade e à comunhão é o selo que Deus
deixou em cada coração humano. Assim a celebração da eucaristia profetiza nosso
destino futuro e, ao mesmo tempo, aponta-nos o caminho a seguir: repartir a
nossa vida com todos, da mesma forma que Deus reparte a si mesmo na eucaristia.
No entanto, esse anseio de aliança e de comunhão universal ficou
frustrado no coração de muitos irmãos e irmãs, não passando de projeto falido.
Isso porque a voz do egoísmo, com demasiada frequência, grita mais alto do que
a voz do amor e da solidariedade. E o pior é que, não raro, chegamos a buscar a
aliança com o irmão e até com o próprio Deus só para destruir nossos inimigos.
Mas, se Cristo chegou a tornar-se vítima sacrifical e quis preparar um
banquete do qual ninguém é excluído e onde a comida é ele mesmo, quer
dizer que toda a inimizade foi aniquilada e ninguém deve mais ser tratado como
inimigo, uma vez que a sua ruína é a nossa própria ruína, sendo ele carne de
nossa carne.
Celebrar a eucaristia, alimentando-nos do Corpo e do Sangue de Cristo –
lado a lado com os nossos irmãos e irmãs –, é com certeza a maneira mais
perfeita de entrarmos em comunhão com Deus e com a criação inteira.
Nisso consiste a nova aliança de Deus com a humanidade e desta com o
próprio Deus.
Pe. Virgílio, SSP
Esta semana nos
convida a viver com mais intensidade o Mistério da Eucaristia, que é fonte e
cume de nossa vida, de nossa espiritualidade. Esta pedagogia
da liturgia da Igreja nos ensina a abraçar o mistério de nossa fé, depois de
vivermos a tempos atrás o Mistério de Jesus na sua paixão, morte e
ressurreição, celebramos a semana retrasada a Festa de Pentecostes e nesse
último domingo a Solenidade da Santíssima Trindade e na próxima quinta-feira dia
19 de Junho O Mistério de Cristo presente na Eucaristia.
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao Século
XIII. A Santa Igreja sentiu necessidade de realçar a presença real do “Cristo todo” no pão consagrado. A Festa de Corpus
Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de
agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima
Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. Aconteceu, porém, que
quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa
Cristina, em Bolsena, Itália, aconteceu um milagre eucarístico: da hóstia
consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração.
Alguns dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de
Cristo na Eucaristia.
O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto,
cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino, informado do milagre,
então, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto.
Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de
Orvieto, teria então pronunciado diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.
Ao Papa Urbano IV
foi o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège
na Bélgica, que recebeu o segredo das visões da freira agostiniana, Juliana de Mont Cornillon, que exigiam uma festa da Eucaristia
no Ano Litúrgico. A ‘Fête Dieu’ (Festa de Deus) começou na paróquia de Saint
Martin em Liège, em 1230, com autorização do arcediago para procissão
eucarística só dentro da igreja, a fim de proclamar a gratidão a Deus pelo
benefício da Eucaristia. Em 1247, aconteceu a 1ª procissão eucarística pelas ruas
de Liège, já como festa da diocese. Depois se tornou festa nacional na Bélgica.
O ofício foi
composto por São Tomás de Aquino o qual, por amor à
tradição litúrgica, serviu-se em parte de Antífonas, Lições e Responsórios já
em uso em algumas Igrejas. A festa mundial de Corpus Christi foi decretada em
1264. O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, porque o Papa morreu em
seguida. Mas se propagou por algumas igrejas, como na diocese de Colônia na
Alemanha, onde Corpus Christi é celebrada desde antes de 1270. A procissão
surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na
Itália. Em Roma é encontrada desde 1350.
A Eucaristia é um
dos sete Sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando Jesus disse:“Este é o meu corpo… isto é o meu sangue… fazei isto em memória de mim” (Cf. Lc
22,19-20). Porque a Eucaristia foi celebrada pela 1ª vez na Quinta-Feira
Santa, Corpus Christi se celebra
sempre numa quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade.
No Brasil, a festa
passou a integrar o calendário religioso de Brasília, em 1961, quando uma
pequena procissão saiu da Igreja de madeira de Santo Antônio e seguiu até a
Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima. A tradição de enfeitar as ruas surgiu em
Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais. A celebração de
Corpus Christi consta de uma missa, procissão e adoração ao Santíssimo
Sacramento.
A procissão lembra
a caminhada do povo de Deus, que é peregrino, em busca da Terra Prometida. No
Antigo Testamento esse povo foi alimentado com maná, no deserto. Hoje, ele é
alimentado com o próprio Corpo de Cristo. Durante a Missa o celebrante consagra
duas hóstias: uma é consumida e a outra, apresentada aos fiéis para adoração.
Essa hóstia permanece no meio da comunidade, como sinal da presença de Cristo
vivo no coração de sua Igreja.
“Aquele que come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e
eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,55).
Oremos: Na festa do Teu corpo e sangue dá-nos Senhor a certeza da Tua presença, nos dons eucarísticos! Na festa da vida, que deve ser cada eucaristia, ensina-nos
Senhor a comunhão com os irmãos, radicada na unidade sacramental. Ensina-nos
que nunca é compreensível celebrar o gesto que significa Sacrifício e dom da
vida, União com Cristo e com os irmãos e fomentar divisões, cultivar discórdias
e manter desigualdades! Impele-nos a viver cada eucaristia como atores
comprometidos convictos da Tua presença e não como simples espectadores!
Padre Luizinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário