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Na Sexta-Feira Santa somos convidados a
beber do manancial da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e contemplar sua
morte redentora. O fazemos não na tristeza ou no dolorismo de uma derrota, mas
na confiança e serenidade da fecundidade do grão, da certeza que nos dá a
esperança e na fidelidade misericordiosa do Pai às promessas.
Acompanhamos a São João para quem a
Cruz é o trono e o troféu da vitória sobre o pecado e a morte, Jesus nos ama
até o fim, consumando a perfeição o projeto de salvação do Pai da ternura e
bondade. Mas este mistério não é apenas lembrado mas vivenciado e atualizado na
Igreja que sofre, e nos milhares de crucificados de hoje. A Cruz de Cristo
continua atraindo e abraçando a todas as pessoas injustiçadas, oprimidas,
deixadas a margem da vida, continua sendo um sinal de conversão e apelo à
consciência de autoridades políticas corrompidas e violentas, impulsionando o
testemunho de tantos homens e mulheres de boa vontade que amparam e defendem os
pobres compartilhando o seu destino e a sua sorte.
Longe de ser um símbolo de força dos
poderosos que teriam apagado mais uma voz profética, é mostra clara e nítida do
amor infinito, eterno, misericordioso de Um Deus que morre para nos dar vida em
abundância. Nestes dias em que assistimos uma das perseguições mais cruéis e
mais duras contra milhares de cristãos no mundo, e com apreensão nos deparamos
com uma violência inusitada em nosso país que ceifa a vida prematuramente a
multidões de jovens, somos convidados a olhar o Cordeiro Pascal manso e humilde
de coração, transpassado cujo Sangue nos liberta e nos lava do ódio, da raiva,
da indiferença e da cumplicidade com as estruturas da morte que continuam a
reinar em muitos âmbitos a serviço do dinheiro e da ganância sem limites.
A paz brota do Coração aberto de Jesus
na Cruz, pois só Ele é capaz de nos transformar em operadores da justiça
restauradora do Reino que reconcilia e gera a verdadeira fraternidade, trazendo
o perdão generoso do Pai a todas as pessoas e situações humanas. Deus seja
louvado!
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Dom Roberto Francisco Ferreria
Paz
Bispo de Campos (RJ)
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