Frei Joaquim Fonseca, OFM
O “Senhor tende piedade de nós” ou Kyrie eleison pertence ao bloco de
cantos que constituem o próprio rito da celebração eucarística, ou seja, o que
costumamos chamar de “ordinário da missa”.
A Instrução Geral sobre o
Missal Romano nos lembra que o Kyrie,
eleison, é uma aclamação e invocação da misericórdia do Senhor[1],
o Kyrios. Embora consciente da
dificuldade de se precisar a origem da invocação “Senhor, tende piedade de nós”
e sua inclusão no rito da missa, testemunhos antigos nos revelam que os Kyrie estavam relacionados com a
resposta da oração dos fiéis, na liturgia da Palavra da missa e na Liturgia das
Horas. A cada invocação o povo respondia com o Kyrie, eleison. Mais tarde, este canto foi incluído nos ritos
iniciais da missa após o ato penitencial ou como uma variante deste[2].
Vale lembrar que o Kyrie, eleison não
deve ser confundido com o ato penitencial. O Kyrie, eleison constitui outro rito, com autonomia própria.
A mesma Instrução Geral nos
recomenda que este canto seja executado por toda a assembleia. Esta orientação
certamente vem corrigir os desvios históricos onde o Kyrie, eleison se transformou em uma peça musical para ser
executada por musicistas especializados de coros e orquestras. Quanto à
assembleia, esta praticamente se limitava à escuta. O mesmo aconteceu com o
“Glória”. Mas desse último falaremos mais adiante.
O Kyrie é, portanto, uma aclamação suplicante a Cristo-Senhor e não
uma forma de invocação trinitária como foi equivocamente interpretada por muito
tempo. É o canto da assembleia reunida que invoca e reconhece a infinita
misericórdia do Senhor. Aliás, Kyrios
foi o nome mais comum dado a Cristo ressuscitado pelos primeiros cristãos.
Quanto à execução, via de
regra, todo e qualquer canto que pressupõe um solista, o acompanhamento
instrumental deverá ser sóbrio e discreto ou seja: o suficiente para que toda a
assembleia possa escutar as palavras do texto. Quando a assembleia intervier,
os instrumentos poderão tocar com um pouco mais de vigor.
[1] Cf. IGMR 52.
[2]
No atual
Missal Romano, a fórmula 3 do ato penitencial apresenta algumas invocações que
são concluídas com o “Senhor, tende piedade de nós”. Quando se usa esta fórmula
ou outra similar durante o ato penitencial, a IGMR recomenda que sejam
supressas as invocações do “Senhor, tende piedade” que vêm logo a seguir.
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