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Hino da Padroeira
terça-feira, 29 de abril de 2014
domingo, 27 de abril de 2014
"João XXIII e João Paulo II poderão nos ajudar a viver o Evangelho", afirma dom Leonardo Steiner
Pela primeira vez na história da
Igreja, dois papas serão canonizados em um mesmo dia, na mesma cerimônia. João
XXIII e João Paulo II se tornarão santos neste domingo, 27, durante missa
presidida pelo papa Francisco e concelebrada pelo papa emérito Bento XVI e os
cardeais e bispos presentes, na Praça de São Pedro.
A celebração contará com a participação de milhares de fieis. São esperadas delegações de mais de 100 países e, ao menos, 24 chefes de Estado.
A celebração contará com a participação de milhares de fieis. São esperadas delegações de mais de 100 países e, ao menos, 24 chefes de Estado.
Para o bispo auxiliar de Brasília
e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, o papa Francisco teve uma
“feliz iniciativa” ao querer canonizar os dois papas. “São dois grandes homens
que serão canonizados, colocados diante de nós como exemplos de pessoas que
poderão nos ajudar a viver o Evangelho”, afirma dom Leonardo Steiner.
O bispo explica que a Igreja vive
hoje das iniciativas de João XXIII e o define como um “homem experiente, que
foi núncio apostólico em diversos países”. Segundo dom Leonardo, João XXIII
percebeu que a Igreja precisava de uma renovação e por isso convocou o Concílio
Vaticano II, para dar vida nova à Igreja e colocá-la em movimento. “João XXIII
mudou o modo de ser papa. Um homem simples, relacional, próximo das pessoas,
tinha a linguagem do povo. Um grande homem, com muito amor à Igreja”, ressalta.
Com relação a João Paulo II, dom
Leonardo diz que ele foi o “arauto da paz”. Acrescenta que foi um homem
peregrino, que visitou diversos países. “Não teve receio de dizer o que
pensava, sempre soube marcar a presença da Igreja. Ao final da sua vida, João
Paulo II, ofereceu o próprio sofrimento a Deus por amor à Igreja”.
Ação de graças
Em Salvador (BA), o arcebispo e
primaz do Brasil, dom Murilo Krieger assinará hoje, 27, decreto que
instituirá o papa João Paulo II como co-padroeiro da paróquia Nossa Senhora dos
Alagados.
Na Catedral Sé de Olina (PE),
haverá celebração eucarística de ação de graças pelos dois novos santos, a
partir das 9 horas. Haverá também exposição de duas relíquias, referentes aos
pontífices.
Em Maringá (PR), durante a Festa
da Misericórdia, os fiéis terão a oportunidade de venerar as relíquias dos
papas João XXIII e João Paulo II. A Festa teve início dia 26 de abril, com
adoração ao Santíssimo Sacramento, que prosseguirá até às 3 horas de hoje,
quando será feita a entronização das relíquias dos papas, na Catedral Basília
Menor Nossa Senhora da Glória. Após a entronização das relíquias ainda haverá
programação especial, com pregações, terço da misericórdia e adoração. Às
15h30, acontecerá o encerramento da Festa
Em
Criciúma (SC), será criada e instalada no dia 18 de maio, às 16h, a paróquia
Santo Antônio de Pádua, que terá como padroeiro João Paulo II.
Fonte:
CNBB
quinta-feira, 24 de abril de 2014
FESTEJO DE SANTO EXPEDITO
Está
sendo realizado desde a última segunda feira dia 21, o novenario em honra a
Santo Expedito no Residencial Hugo Prado, o mesmo irá até a próxima terça feira
dia 29 quando será encerrando com a procissão e a santa missa da festa. Este
ano, em virtude da Semana Santa, o festejo foi transferido da data de 10 a 19 de
abril. Todas as noites, às 18h30 reza do santo terço e às 19h Santa
Missa/celebração. Participe você e sua família!
domingo, 20 de abril de 2014
sexta-feira, 18 de abril de 2014
18 de abril – SEXTA-FEIRA SANTA – PAIXÃO DO SENHOR
I. INTRODUÇÃO GERAL
O relato da paixão e morte de Jesus é um dos mais antigos escritos do Segundo
Testamento. Corresponde ao núcleo central do querigma cristão. Jesus é Messias,
anunciado nas Sagradas Escrituras, Filho de Deus que se fez carne, realizou
sinais e prodígios, foi condenado e morto. Sua missão consistiu em realizar a
vontade de Deus, amando a humanidade até o extremo. Seus posicionamentos não agradaram
às instituições de poder. Foi perseguido, preso, julgado e condenado à morte.
Injustamente, mataram o Justo (evangelho). Jesus é a figura do Servo sofredor,
conforme descreve o Segundo Isaías. Um inocente sofre a paixão, carregando
sobre si as nossas dores e nossos crimes. É desprezado por todos. Nele não há
formosura e sinal nenhum de poder. Seu corpo foi sepultado entre os ímpios. O
Servo amado de Deus, pelo caminho do sofrimento e da morte injustamente
infligidos, resgatou a verdadeira justiça. A entrega de sua vida foi em
reparação pelos pecados da humanidade (I leitura). As primeiras comunidades
cristãs confessam que Jesus é o único e eterno sacerdote. Porque foi provado no
sofrimento, é capaz de compadecer-se de nossas fraquezas e nos alcançar a
misericórdia de que necessitamos (II leitura). Celebrar a paixão e a morte de
Jesus é reconhecer e acolher o amor sem limites de Deus. Em atitude de gratidão
e de arrependimento, deixamo-nos invadir pela sua graça, que nos transforma.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Jo
18,1-19,42): A paixão e a morte de Jesus
Após a oração sacerdotal de Jesus (Jo 17),
o Evangelho de João faz a narrativa da sua paixão e morte. A oração consiste
num insistente pedido ao Pai para que os discípulos sejam guardados de todo mal
e o amor de Deus permaneça com eles. Jesus tem consciência de sua partida. A
morte é consequência de sua fidelidade ao projeto de amor do Pai. Por essa
fidelidade, Jesus entrega sua vida de forma consciente: “Ninguém tira a minha
vida. Eu a dou livremente” (10,18).
Em um jardim se desencadeia o processo da paixão de Jesus.
Também num jardim ele será crucificado e sepultado. O jardim é lugar simbólico.
Lembra o paraíso terrestre. Lugar de beleza e fecundidade. O jardim do Gênesis
foi profanado pelo orgulho humano: tornou-se espaço de divisão e morte. O
jardim da morte de Jesus, porém, é o espaço do resgate definitivo da vida.
Jesus costumava reunir-se com seus discípulos no jardim, fora do
lugar social das instituições de poder, com as quais, gradativamente, ele vai
rompendo. Os discípulos demonstram dificuldade de entender a postura de Jesus.
Judas, por exemplo, não consegue desvencilhar-se da ideologia dominante. Faz um
acordo com os líderes religiosos de Jerusalém e entrega Jesus. Um batalhão de
guardas armados é mobilizado para prendê-lo, sinal de que era realmente
considerado um indivíduo perigoso para o sistema oficial de poder.
Procuram Jesus à noite. As trevas, no Evangelho de João, têm um
significado especial: em oposição à luz, simbolizam o mal. A ação que está
sendo executada é sinal da maldade do “mundo” (instituições que excluem e
matam). Jesus, “consciente de tudo o que lhe acontecia”, apresenta-se com o
título divino “Eu sou”, identificando-se com o Deus do Êxodo (Ex 3,14). Esse
título, paradoxalmente, está ligado com a origem humilde de Jesus: Nazaré da
Galileia. O nazareno é Deus. Não é por nada que os guardas caem por terra.
Também Pedro revela
muita dificuldade de entender a proposta de Jesus. Sua mentalidade ainda se
baseia na ideologia triunfalista. Jesus, porém, vai por outro caminho: a
vitória da vida não se dá pelo confronto e pela violência, mas pela obediência
ao amor a Deus e ao próximo, também aos inimigos. Foi realmente difícil para
Pedro. Decepciona-se com Jesus e vai negá-lo. Mas não deixará de reconhecer
profundamente sua falta e tornar-se um discípulo exemplar.
Tanto a instância
religiosa, representada por Anás e Caifás, como a instância política do império
romano, representada por Pilatos, não encontram motivos para a condenação de
Jesus. Esta será efetivada por interesse e conveniência dos chefes. Não foi
Deus que quis a morte de seu Filho. Ela foi consequência da opção de Jesus pela
verdade e pela justiça, conforme se constata no seu testemunho diante de
Pilatos.
O caminho da “via sacra”
até a morte de cruz é a síntese de todo o sofrimento humano assumido por Jesus
como gesto de extrema solidariedade. Ele se fez maldito (quem morre suspenso no
madeiro é maldito de Deus: Dt 21,23) e foi crucificado entre dois malditos.
Todos os crucificados e malditos deste mundo estão contemplados na morte de
Jesus. Todos são redimidos no seu amor.
A cruz, para os
cristãos, torna-se o caminho de seguimento de Jesus. Significa empenhar-se por
um mundo de paz e justiça; renunciar ao poder em todas as suas dimensões;
denunciar situações que geram exclusão e morte; assumir a causa dos pequeninos;
doar-se cotidianamente pela causa da vida em plenitude, sem exclusão.
2. I leitura (Is 52,13-53,12): A missão do Servo sofredor
Vários textos do Segundo Testamento interpretam a paixão e a
morte de Jesus à luz da profecia do Segundo Isaías. Especialmente com base nos
quatro cânticos do Servo sofredor, percebe-se íntima ligação com o sofrimento
de Jesus. Supõe-se até que Jesus tenha alicerçado sua missão sobre a teologia
do Servo sofredor.
O texto para a meditação
desta sexta-feira santa refere-se ao quarto cântico. O Segundo Isaías (caps.
40-55) é um movimento profético atuante no meio dos exilados na Babilônia em
meados do século VI a.C. Busca incutir ânimo e esperança ao povo que está longe
de sua terra, em situação de dor e desolação. É esse povo o “Servo sofredor”:
desprezado, aviltado em sua dignidade humana, maltratado, sem beleza e sem
importância; condenado injustamente como malfeitor e totalmente desprotegido,
sem condições de defesa.
No entanto, esse povo
desprezível e maltratado descobre-se como eleito por Deus para uma missão de
solidariedade e expiação. Sobre si carrega as dores e enfermidades do mundo, os
crimes e iniquidades da humanidade. Esse “Servo sofredor”, visto como um
humilhado e castigado por Deus, pelo seu aniquilamento, proporcionou a cura de
todos. Deus fez cair sobre seu Servo amado todas as faltas da humanidade. Por
ele, os povos recebem o perdão e a paz.
É fácil perceber por que
as comunidades cristãs primitivas aplicaram a Jesus a descrição do “Servo
sofredor” do Segundo Isaías. Ele se fez Servo de todos e ofereceu sua vida em
sacrifício expiatório. Pela sua morte, resgatou a vida de toda a humanidade. O
justo condenado injustamente garantiu a nossa justificação.
3. II leitura (Hb 4,14-16; 5,7-9): Jesus é o único mediador
entre a humanidade e Deus
Um dos objetivos da
carta aos Hebreus é fortalecer a fé e o amor das comunidades cristãs. Para
tanto, apresenta Jesus Cristo como único mediador entre a humanidade e Deus,
superando todas as demais mediações, como a Lei e o Templo. Exorta a “manter-se
firme na fé que professamos”, deixando transparecer que membros da comunidade
cristã estavam “voltando atrás”, retomando concepções e práticas antigas.
Jesus é apresentado como
o único sumo sacerdote e, portanto, já não há necessidade de outros
sacerdócios. O sumo sacerdote do Templo entrava no Santo dos Santos, uma vez
por ano, a fim de oferecer um sacrifício a Deus. Jesus, pela sua entrega
sacrifical, derrubou todas as barreiras que dificultavam o acesso a Deus.
Agora, por meio de Jesus, o sumo e eterno sacerdote, todo lugar e todo tempo
são propícios para a comunhão com Deus.
O texto salienta a
missão terrena de Jesus, sua encarnação, suas súplicas ao Pai em meio a
terrível sofrimento, na confiança de que ele podia livrá-lo da morte. Foi
obediente até o fim, e Deus o escutou. Jesus “atravessou os céus”, o verdadeiro
Santo dos Santos; ofereceu o sacrifício definitivo para a expiação dos nossos
pecados. Porque participou humildemente de nossa humanidade e de nossas
fraquezas, é capaz de compaixão. Atravessou o céu sem afastar-se da realidade
humana. Seu trono não é para juízo e condenação. Podemos nos aproximar dele,
fonte de graça e de misericórdia, com toda a confiança, sem nenhum receio. O
acesso a Deus está permanentemente aberto, e podemos contar com sua acolhida
amorosa.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– A morte de Jesus foi consequência de sua fidelidade ao amor a Deus e ao próximo. Sua opção pela luz da verdade e
da justiça não agradou aos que preferiam as trevas do egoísmo, da mentira e da
dominação. Não é fácil entender a proposta de Jesus e aderir a ela. Judas
preferiu unir-se aos interesses dos chefes de Jerusalém; Pedro o negou por três
vezes… Também hoje existem maneiras diversas de trair e negar Jesus. Houve,
porém, pessoas solidárias com Jesus, como as mulheres e o discípulo amado.
Também José de Arimateia e Nicodemos… Nós somos chamados a seguir Jesus pela
renúncia ao egoísmo e pelo amor vivido cotidianamente. Podemos ser-lhe
solidários: ele se identifica com os pobres e sofredores.
– Jesus é o Servo de Deus que se ofereceu em sacrifício pela vida da humanidade. Assumiu a condição humana, foi
incompreendido e desprezado, perseguido e condenado; “como cordeiro, foi levado
ao matadouro”, porém, não usou de vingança nem de violência nenhuma. Como
“Servo sofredor”, carregou nossas dores e expiou nossas faltas. Foi obediente
ao Pai até o fim. Pela sua vida e pela sua morte, Jesus tornou-se “o caminho, a
verdade e a vida”. É importante que nos questionemos a respeito das
“fidelidades” que estamos assumindo em nossa vida: elas são coerentes com a
proposta de Jesus ou preferimos o caminho das comodidades e da indiferença
diante dos problemas que afetam a vida do ser humano hoje? Lembrar
especialmente os problemas apontados pela CF-2014 quanto ao tráfico humano.
– Jesus é o nosso mediador junto ao Pai. Ele nos entende perfeitamente porque assumiu em seu próprio
corpo os limites e fraquezas humanas. Ele se fez nosso irmão. Acolhe com
ternura e misericórdia toda pessoa que a ele se dirige. Ele é fonte de todas as
graças. Dele podemos nos aproximar sem medo, com toda a fé e confiança, na certeza
do perdão, da ajuda em nossas necessidades e da garantia de vida eterna.
Fonte: Revista Vida Pastoral
Papa na Missa da Ceia do Senhor: "Servir uns aos outros é a herança que Ele nos deixou"
Cidade do Vaticano
(RV)
No final da tarde
desta Quinta-feira Santa, o Papa Francisco presidiu a Missa da Ceia do Senhor
no Centro “Santa Maria da Providência”, em Roma, quando repetiu o gesto de
Jesus e lavou os pés de 12 deficientes assistidos pela Fundação Padre Gnocchi.
A Missa, num clima de muita intimidade e familiaridade, foi concelebrada pelo
Presidente da Fundação, Mons. Ângelo Bazzari e pelo Capelão do Centro, Padre
Pasquale Schiavulli. O coro era formado por internos e por voluntários do
Centro que animam a Missa aos domingos.
Na sua breve
homilia, antes do rito do Lava-pés, o Santo Padre recordou que aquilo que Jesus
fez na última Ceia foi um gesto de entrega. ”É como a herança que nos deixa”,
afirmou. “Ele que é Deus se fez servo, servidor nosso. E esta é a herança: também
vós deveis ser servidores uns dos outros. E Ele fez este caminho por amor:
também vocês deveis amar-vos e serdes servidores no amor: “E faz este gesto de lavar os pés, que é um gesto simbólico. “O
faziam os escravos, os servos aos comensais, às pessoas que vinham para a
refeição, porque naquele tempo as estradas eram todas de terra e quando
entravam em uma casa era necessário lavar-se os pés”.
“E Jesus faz este gesto - disse o Santo Padre - um trabalho, um serviço de escravo, de servo”, e acrescentou: “Nós devemos ser servidores uns dos outros. E por isto a Igreja, no dia de hoje, em que se comemora a Última Ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia, também faz, na cerimônia, este gesto de lavar os pés, que nos recorda que nós devemos ser servos uns dos outros. Agora eu farei este gesto, mas todos nós, no nosso coração, pensemos nos outros e pensemos no amor que Jesus nos disse que devemos ter pelos outros, e pensemos também como podemos servi-los melhor, as outras pessoas. Porque isto Jesus quis de nós”.
“E Jesus faz este gesto - disse o Santo Padre - um trabalho, um serviço de escravo, de servo”, e acrescentou: “Nós devemos ser servidores uns dos outros. E por isto a Igreja, no dia de hoje, em que se comemora a Última Ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia, também faz, na cerimônia, este gesto de lavar os pés, que nos recorda que nós devemos ser servos uns dos outros. Agora eu farei este gesto, mas todos nós, no nosso coração, pensemos nos outros e pensemos no amor que Jesus nos disse que devemos ter pelos outros, e pensemos também como podemos servi-los melhor, as outras pessoas. Porque isto Jesus quis de nós”.
Após, o Papa
Francisco lavou os pés de 12 pessoas assistidas pelo Instituto. O grupo, com
idades entre 16 e 86 anos, era formado por italianos e estrangeiros, todos
portadores de doenças ortopédicas, neurológicas e oncológicas que provocam
invalidez. Entre estes, chamou a atenção o mais jovem do grupo, Oswaldinho, de
16 anos, nascido em Cabo Verde e residente em Roma. Em agosto de 2013, ao
jogar-se no mar num local raso, teve um trauma vértebro-medular com tetraplegia
imediata. Hoje se locomove em uma cadeira de rodas. Os doze assistidos
simbolizam as velhas e novas formas de fragilidade nas quais a comunidade
cristã é chamada a reconhecer Cristo sofredor e a dedicar atenção,
solidariedade e caridade. (JE)
quarta-feira, 16 de abril de 2014
Papa propõe reflexão para a Semana Santa
“A Semana Santa é um bom momento para confessar e retomar o caminho certo”, disse o papa Francisco no twitter, na última segunda feira dia 14.
Como proposta para viver a Semana Santa que celebra a paixão, morte e ressurreição de Jesus, o papa Francisco convidou os fiéis a um exame de consciência. Na missa do Domingo de Ramos, 13, e procissão na Praça de São Pedro, o papa deixou de fazer a homilia e propôs momento de reflexão sobre a passagem bíblica que retrata a Paixão de Cristo.
O papa sugeriu alguns caminhos
para a Semana Santa e disse ser preciso questionar qual postura se deve assumir
diante do Senhor. “Quem sou eu, diante de Jesus que sofre? Ouvimos muitos
nomes. O grupo de líderes, alguns sacerdotes, alguns fariseus, alguns mestres
da lei que tinham decidido matá-lo. Eles estavam esperando a oportunidade para
prendê-lo”, disse.
Francisco falou sobre a atitude de Judas, que é retratado na Bíblia como
o traidor. "Eu sou como Judas, que finge amar e beija o Mestre para
entregá-lo, para traí-lo? Eu sou um traidor? Eu sou como os líderes que, com
pressa, fazem o tribunal e procuram falsos testemunhos: Eu sou como eles? E
quando eu faço essas coisas, se eu as faço, acredito que com isso salvo o povo?",
acrescentou.
Onde está meu coração?
O papa continuou com as suas perguntas
em meio a uma Praça silenciosa e reflexiva. “Eu sou como Pilatos que,
quando vejo que a situação está difícil, eu lavo as minhas mãos e não sei
assumir a minha responsabilidade e deixo condenar - ou condeno eu - as pessoas?
Eu sou como aquela multidão que não sabia bem se se encontrava em uma reunião
religiosa, ou num processo ou em um circo, e escolhe Barrabás? Para eles é a
mesma coisa: era mais divertido humilhar Jesus”, afirmou.
O papa falou, ainda, do comportamento de José e de Maria que
acompanharam o paixão de Jesus. “Eu sou como José, o discípulo escondido, que
leva o corpo de Jesus com amor, para sepultá-lo? Eu sou como essas duas Marias
que permanecem na porta do sepulcro, chorando, rezando? Eu sou como esses
líderes que no dia seguinte foram a Pilatos para dizer: 'Mas, olha ele dizia
que iria ressuscitar; que não seja mais um engano', e bloqueiam a vida,
bloqueando o sepulcro para defender a doutrina, para que a vida não venha para
fora? Onde está meu coração?”, questionou.
Ao concluir a reflexão, o papa Francisco pediu aos fiéis para que verifiquem
com qual dos personagens cada um se identifica, propondo que esse
questionamento seja vivido durante a Semana Santa.
Fonte: CNBB/Rádio Vaticana - Fotos: Divulgação
domingo, 6 de abril de 2014
Formação permanente para catequistas
No último sábado dia 05, foi realizado na Comunidade São Francisco das Chagas - Lourival Parente, um encontro de formação permanente para os catequistas da nossa Paróquia, as palestrantes foram as catequistas Luciana e Nairane da nossa comunidade Paroquial, e membros da equipe de formadores da Arquidiocese de Teresina. Confira na integra, o texto usado para a formação.
ARQUIDIOCESE DE TERESINA
COMISSÃO ARQUIDIOCESANA DE CATEQUESE
ENCONTRO ANUAL DE FORMAÇÃO CATEQUÉTICA – 2014
“Os desafios para transmissão da fé.”
SÍNTESE DO CONTEÚDO
Assessora: Ir. Graça Sabino- Regional NE 4 da CNBB - Setor
de Catequese
“Jesus:
Palavra Encarnada e Palavra Anunciada”.
INTRODUÇÃO
O tema do
Encontro anual é “os desafios para a transmissão da fé”. O tema desta nossa
reflexão é: “Jesus: Palavra Encarnada e Palavra Anunciada”. A
palavra pastoral vem de Pastor. Quem trabalha na
pastoral procura imitar Jesus, “o bom pastor” (Jo 10,11.14). Nesta reflexão
vamos ver de perto como era a animação bíblica da prática de Jesus como Pastor.
Buscar a
prática pedagógica de alguém é mergulhar na sua vida, no seu ambiente, nas suas
relações, na sua fala, nos desafios de sua caminhada, no seu pensamento. É
também entender a proposta que ele oferece aos que o escutam, bem como a sua
maneira de oferecer esta proposta. Enfim, a pedagogia de uma pessoa revela quem
ela é. Buscar a pedagogia de Jesus é entender o caminho que ele propôs, a
maneira de ele chamar as pessoas para trilhar este caminho e o modo como ele
mesmo trilhou este caminho.
Nesta
reflexão vamos olhar, em primeiro lugar, para a pessoa de Jesus, como ele mesmo
encarnou a Palavra em sua vida. Em segundo lugar, vamos olhar para o seu
relacionamento com as outras pessoas, como lhes anunciava a Palavra de Deus.
1. Como Jesus encarnava a Palavra de Deus em sua vida
Antes de
mais nada, é necessário lembrar um dado muito importante que condicionará tudo
que vamos dizer sobre a encarnação da Palavra em Jesus e sobre o anúncio que
ele fazia da mesma Palavra ao povo. Naquele tempo, ninguém tinha Bíblia em
casa. Só havia uma única Bíblia para todos na Sinagoga. Era no ambiente orante
comunitário tanto da Casa como da Sinagoga, que a Palavra era ouvida e
meditada, anunciada e praticada.
2. Em Jesus “a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14)
Cada um
de nós, pelo simples fato de nascer neste mundo, nasce num determinado lugar,
numa determinada família, num determinado povo. Nasce marcado de muitas
maneiras. Jesus também. A família, a cultura, a língua, o lugar do nascimento
afetam a vida da gente de alto a baixo. E estas coisas, ninguém as escolhe.
Elas fazem parte da existência humana. São o ponto de partida para qualquer
coisa que se queira fazer na vida. É o mistério da encarnação! Jesus assumiu
estes condicionamentos lá onde eles pesam mais, isto é, no meio dos pobres.
Jesus era um "filho do carpinteiro" (Mt 13,55). "Sendo de
condição divina, esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de empregado”, um
no meio de muitos (Fl 2,6-7; cf. 2Cor 8,9). "Ele foi provado como nós, em
todas as coisas, menos no pecado" (Hb 4,15). “Mesmo sendo filho de Deus,
teve que aprender pelo sofrimento o que vem a ser a obediência” (Hb 5,8).
A
encarnação da Palavra em Jesus foi um processo que se iniciou com o Sim obediente
de Maria e terminou com o último Sim de Jesus na cruz quando
disse: “Está tudo consumado” (Jo 19,30). Jesus deixou a Palavra de Deus entrar
dentro de si, e ela tomou conta de tudo. Ele dizia: “Eu faço sempre o que o Pai
me manda fazer” (Jo 12,50). “O meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo
4,34). Fazer a vontade do Pai e cumprir a missão era o eixo da vida de Jesus.
Como diz a carta aos hebreus, citando o salmo: "Ao entrar no mundo
ele afirmou: “Eis me aqui! Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade!" (Hb
10,5.7; Sl 40,8-9). Jesus se deixou moldar pela Palavra a cada momento da sua
vida. Por isso podia dizer: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Como diz o povo
do menino que se parece com o pai: “É a cara do pai!”
Esta
encarnação da Palavra em Jesus não era automática, mas sim fruto de uma luta
que ele travava dentro de si para obedecer ao Pai em tudo. Jesus dizia:
"Por mim mesmo nada posso fazer: eu julgo segundo o que ouço" (Jo
5,30; 5,19). Não foi fácil. Para obedecer à Palavra do Pai, Jesus teve que
desobedecer várias vezes às autoridades religiosas da época. Ele teve momentos
difíceis, em que gritava: “Afasta de mim este cálice!” (Mc 14,36). Teve que
pedir a ajuda dos amigos (Mt 26,38.40). Teve que rezar muito para poder vencer
(Hb 5,7; Lc 22,41-46). Mas venceu! Ele mesmo o confirma: “Eu venci o mundo!”
(Jo 16,33). Como diz a carta aos Hebreus: “Durante a sua vida na terra, Cristo
fez orações e súplicas a Deus, em alta voz e com lágrimas, ao Deus que podia
salvá-lo da morte. E Deus o escutou, porque ele foi submisso”. (Hb 5,7).
3. As etapas do processo da encarnação da Palavra de Deus em Jesus
Os três
ambientes da formação de Jesus
·
Em CASA na família.
Na
segunda carta a Timóteo transparecem os costumes familiares daquele tempo.
Paulo diz: “Lembro-me da fé sincera que há em você (Timóteo), a mesma que havia
antes na sua avó Lóide, depois em sua mãe Eunice e que agora, estou convencido,
também há em você” (2Tim 1,5). E ainda: “Desde a infância você conhece as
Sagradas Escrituras; elas têm o poder de comunicar a sabedoria que conduz à
salvação pela fé em Jesus Cristo” (2Tim 3,15). A transmissão da fé nada mais
era do que a leitura orante ou a ruminação constante da Palavra de Deus na
convivência familiar. Esta mesma ruminação da Palavra transparece no Cântico de
Maria (Lc 1,46-55), todo recheado de citações de salmos e outras evocações
bíblicas. Sinal de que eles conheciam a Bíblia e rezavam os salmos a ponto de
conhecê-los até de memória.
·
Na SINAGOGA em comunidade
Todo
sábado Jesus participava da celebração da Palavra na sinagoga. Era o costume
dele (Lc 4,16). O conhecimento que tinha da Bíblia vinha destas reuniões
semanais na comunidade, onde se faziam duas leituras: da Lei e dos profetas (At
13,15). Em Nazaré, naquele sábado, Jesus fez a leitura do profeta Isaías (Lc
4,18,19; Is 61,1-2). Rabi Aquiba (Séc II) definiu as reuniões semanais com esta
frase lapidar: “O mundo repousa sobre três colunas: a Lei, o Culto e o
Amor”. A Lei é a Bíblia, o Culto é a reza
dos salmos, o Amor é a vontade de ajudar o próximo. Até hoje
as reuniões das nossas comunidades são assim.
·
No TEMPLO nas romarias com o povo
O ano
litúrgico, marcado pelas grandes festas de Páscoa, Pentecostes e Tendas,
mantinha no povo a memória das grandes etapas da sua história, narradas na
Bíblia. Mantinha viva a consciência da sua pertença ao povo de Deus. Aqui se
situam as romarias (Ex 23,14-17), nas quais Jesus participava desde doze anos
de idade e que o empolgavam tanto a ponto de permanecer em Jerusalém no meio
dos doutores para aprender mais as coisas de Deus, lembradas nas Escrituras (Lc
2,41-50).
Será que
hoje conseguimos criar para nós, dentro da nossa realidade e cultura, através
da nossa ação pastoral, um ritmo comunitário orante que seja diário, semanal e
anual e envolva a família, a comunidade e a paróquia? Este é o grande desafio
para nós que queremos retomar hoje o caminho de Jesus e sermos seus discípulos
e discípulas.
O contexto mais amplo do ambiente em que Jesus se formou
O contexto mais amplo do ambiente em que Jesus se formou
As propostas pedagógicas da época de Jesus
Conhecer
a prática pedagógica daquela época ajuda a entender melhor a prática pedagógica
de Jesus. Na sociedade judaica, no primeiro século da Era Cristã, os rabinos
eram os grandes educadores. Para exercer esta função, o candidato devia
freqüentar a Escola dos Escribas em Jerusalém (Eclo 51,23; At 22,3). Durante o
tempo de preparação, os candidatos deviam apropriar-se de um conteúdo básico
que incluía o estudo das Escrituras e da Tradição dos Antigos (Eclo 39,1-11).
Depois de formados, voltavam para suas aldeias e educavam as pessoas,
convivendo e compartilhando com elas os afazeres cotidianos. Dividiam seu dia
em três partes: oito horas para o estudo, oito horas para o trabalho e oito
horas para o descanso. Dando exemplo de uma vida disciplinada, os escribas eram
respeitados e temidos pelo povo da aldeia.
Na sua
prática educacional, os rabinos ocupavam os dois principais espaços da aldeia.
O primeiro espaço era o culto semanal na sinagoga. Aqui a leitura da Escritura
era feita em hebraico e a explicação para o povo era feita em aramaico. Esta
interpretação visava dar ao povo elementos necessários para viver a fé e, ao
mesmo tempo, resistir às forças desagregadoras da ocupação romana. Educar era
antes de tudo, preservar as tradições e não se deixar envolver pelas propostas
do mundo cultural greco-romano. O segundo espaço era a escola, que funcionava
junto à sinagoga (cf. At 15,21). Aqui o rabino era realmente um professor. Na
escola os meninos da aldeia aprendiam a ler e a escrever. As meninas estavam
excluídas. O estudo permitia que os meninos, aos treze anos, fizessem o rito de
iniciação chamado de Bar Mitzvah. Neste dia o menino, lendo e
interpretando uma passagem da Escritura diante de sua comunidade, demonstrava
ter o discernimento necessário para tomar decisões. A partir deste dia era
considerado um adulto. Portanto, a prática pedagógica dos rabinos visava a
maturidade das pessoas para que elas pudessem ser membros ativos da vida
social, participando das decisões tanto da aldeia quanto do país.
Ocupando
estes dois espaços numa pequena aldeia, o escriba tornava-se uma referencia
forte e obrigatória, metendo-se na vida de todos, opinando e interferindo,
mesmo quando não era chamado. Na verdade um rabino era a grande autoridade do
lugar. Ele podia entrar nas casas e vistoriar bens, comidas e roupas (Lv
14,33-56;Mt 23,14). Podia expulsar qualquer membro da comunidade que
apresentasse algum sintoma de “lepra” e que poderia colocar em risco a vida das
pessoas da comunidade (Lv 13,1-59). Sentado na cátedra da sinagoga (Mt 23,2),
ele definia o rumo da vida das pessoas colocadas sob sua guarda. Tinha muito
poder e sabia exercê-lo.
A escola de Jesus
Jesus não
teve a oportunidade, como o apóstolo Paulo, de estudar na escola superior de
Jerusalém com um doutor como Gamaliel (At 22,3). Dos trinta e três anos da sua
vida, ele passou mais de trinta no anonimato, em Nazaré, uma aldeia pequena e
sem importância (Jo 1,46). Lá ele viveu e se formou, aprendendo em casa com a
família e na comunidade com o povo (cf. Lc 2,52). Esta foi a ESCOLA de Jesus.
A escola
de Jesus era, antes de tudo, a vida em casa, na família,
onde vivia com os pais, obediente a eles (Lc 2,51). Mas é bom sabermos que
“família”, naquela época, reunia muita gente. Na verdade eram famílias
ampliadas, reunindo pessoas unidas por laços de parentesco e que hoje chamamos
de “clã”. Foi lá, no meio de muita gente, que ele aprendeu a amar, a andar, a
falar, a conviver, a rezar, a trabalhar, a pensar.
A escola
de Jesus era a Bíblia, lida na comunidade (sinagoga) e
ruminada em casa. Pelos evangelhos, como veremos mais adiante, a gente percebe
que Jesus conhecia muito bem a Bíblia. Se alguém juntar todas as alusões ou
citações que Jesus faz da Bíblia, perceberá que ele conhecia a Bíblia de cor e
salteado. Fruto da participação nas reuniões da comunidade, dos doze aos trinta
anos de idade, o tempo em que viveu em Nazaré. Do contrário, não teria chegado
a conhecer tão bem a Bíblia.
A escola
de Jesus era a Tradição, transmitida pelos escribas ou
doutores da lei. Jesus reconhece a autoridade dos escribas, os teólogos da
época. Mas avisa: "Façam o que eles dizem, mas não o que eles fazem!"
(Mt 23,3) Reconhece que eles transmitem a vontade de Deus. Mas denuncia: muita
coisa do que eles exigem não tem nada a ver com a vontade do Pai. Eles esvaziam
o mandamento de Deus (Mc 7,13). “Vocês abandonam o mandamento de Deus para
seguir a tradição dos homens." (Mc 7,8)
A escola
de Jesus era a convivência com o povo de Nazaré. Nazaré
era um povoado pequeno, onde todo mundo conhecia todo mundo. Eles conheciam
Jesus e a sua família (Mc 6,3). Jesus conhecia o povo (Jo 2,24-25). Nesta
convivência de mais de trinta anos aprendeu as inúmeras coisas que todos nós
aprendemos naturalmente, ao longo dos anos da vida: as tradições, os costumes,
as festas, os jogos, os cânticos, os tabus, as histórias, os medos, as doenças,
os poderes, os remédios.
A escola
de Jesus era o trabalho. Jesus se formou trabalhando.
Aprendeu a profissão de seu pai (Mt 13,55). A palavra carpinteiro que
define a profissão de Jesus dá a idéia de um artesão da comunidade. Jesus
servia ao povo de Nazaré como carpinteiro, pedreiro e ferreiro (Mc 6,3). Além
disso, como todo judeu do interior, trabalhava na roça como agricultor.
Carpintaria e Roça! Trabalho duro para viver e sobreviver. Na Galiléia a terra
não é ruim. Dá o suficiente para o povo viver. Mas os impostos eram altos e o
controle fiscal rígido. Havia muitos cobradores de impostos, chamados de
publicanos (Mc 2,14.15). O povo não tinha defesa contra o sistema que o
explorava.
A escola
de Jesus era o mundo. O povo da Galiléia tinha uma maneira
diferente de conviver com os outros povos. Era mais aberto e mais ecumênico que
o da Judéia, no Sul. A Galiléia estava cercada de cidades pagãs, todas elas
grandes centros comerciais: Damasco, Tiro, Sidônia, Ptolemaida, Cesaréia,
Samaria e a Decápole. Por isso, os judeus da Galiléia tinham mais contato com
os pagãos do que os da Judéia. Este contato mais freqüente com os outros povos
teve influência na formação de Jesus. Ele não se fecha nos limites históricos
de Israel e viaja para as regiões de Tiro e Sidônia (Mc 7, 24.31), da Decápole
(Mc 5,1.20; 7,31), de Cesaréia de Filipe (Mc 8,27) e de Samaria (Lc 17, 11).
Andando por esses lugares, ele conversa com o povo que os judeus mais fechados
consideravam impuro (Mc 7,24-29; Jo 4,7-42). Jesus reconhece o valor e a fé de
pessoas que não eram judias e aprende delas (Mt 8,10; 15,28).
A escola
de Jesus era a sua vida de intimidade com Deus, seu Pai.
Jesus rezava muito. Passava noites em oração (Lc 6,12). Na oração, procurava
saber o que o Pai queria dele (Mt 26,39). Na medida em que crescia nele a
intimidade com o Pai, crescia também a consciência de filho. Jesus adquiria um
olhar diferente para ler e entender a Bíblia e a vida. A Bíblia era lida e ensinada
pelos fariseus e escribas a partir de uma determinada idéia de Deus. Jesus, que
experimentava Deus como Pai, já não podia concordar com tudo que se ensinava na
sinagoga. Ele foi descobrindo que os apelos da vida humana falam tanto e até
mais de Deus do que todos os preceitos e doutrinas transmitidas pela Bíblia.
A prática pastoral de Jesus
A
palavra seguir é o termo que define a prática pastoral de
Jesus. Tal palavra indica o tipo especial de relacionamento entre Jesus,
chamado mestre, e os seus seguidores e seguidoras, chamados discípulos e discípulas.
Este relacionamento mestre-discípulo é muito diferente do relacionamento
professor-aluno. Seguindo o mestre, o discípulo aprende convivendo com ele. Só
entenderemos a prática pastoral de Jesus se entendermos sua prática formativa
desenvolvida na convivência com as pessoas que o seguiam. Formando uma
comunidade com seus discípulos, Jesus aponta como caminho pedagógico sua
prática de ser um com eles. Vamos destacar alguns passos deste método educativo
de convivência comunitária.
Uma pastoral que parte da realidade
Jesus
convida as pessoas à reflexão a partir das coisas ou dos fatos mais
corriqueiros. Salgar a comida (Mt5,13), acender uma lâmpada (Mt 5,14),
pescadores que puxam rede (Mt 13,47), camponeses semeando (Mt13,4), plantas que
crescem (Mt 13,31), pastores trabalhando (Lc 15,4), uma galinha choca que
protege seus pintainhos debaixo das asas (Mt 23,37), uma torre que cai sobre os
operários (Lc 13,4), mulher fazendo pão (Lc 13,20), filhos que saem de casa (Lc
15,13), brigas familiares (Mc 3,25), juízes corruptos (Lc 18,2), trabalhadores
desempregados (Mt 20,7), mendigos sentados nas portas (Lc 16,20), odres que se
rompem (Mc 2,22), roupas remendadas (Mt 9,16), festa de casamento (Mt 22,2)...
Qualquer situação humana é material suficiente para Jesus transmitir um
ensinamento. Sua pedagogia parte da observação, da realidade, do cotidiano.
Nada de decorar conteúdos ou raciocinar em cima de abstrações, mas de analisar
fatos e situações bem concretas. Partindo destas situações caseiras, Jesus
consegue se fazer entender por qualquer pessoa (Lc 10,21), permitindo que sua
mensagem atinja a todos, sem discriminação.
Uma pastoral participativa
Ao optar
pelo ensinamento através de parábolas, Jesus adota uma pastoral de participação
do ouvinte. A palavra parábola vem do grego e significa
“comparação”. Na verdade, parábola tenta traduzir o hebraico mashal.
Um mashal é mais do que uma comparação. Mashal é
uma sentença sapiencial, uma frase, um dito, um provérbio, enfim, o alicerce da
Sabedoria que define o pensamento próprio do povo de Israel (cf. Sl 78,1-8). Ao
adotar o mashal como instrumento pedagógico (Mc 4,33), Jesus
está sendo fiel ao pensamento e à cultura de seu povo. Ao construir suas historietas,
seus contos, seus “causos”, Jesus sabe que o mashal só se
completa com a reação e a participação do ouvinte. Desta forma, vemos que Jesus
faz sua opção por uma pedagogia participativa e de fácil acesso, sendo
compreendido por todos.
A
parábola provoca. Ela é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não dá
tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz descobrir. Ela leva a pessoa a
refletir sobre a sua própria experiência de vida, e faz com que esta
experiência a leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano, no
dia-a-dia. Esta era a novidade da Boa Nova trazida por Jesus, diferente dos
doutores que ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei. Jesus
diz: “O Reino está presente no meio de vocês!” (Lc 17,21). A parábola muda os
olhos, faz da pessoa uma observadora da realidade. Certa vez, um bispo
perguntou na comunidade: “Jesus falou que devemos ser como sal. Para que serve
o sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades para o sal!
Aí foram aplicar tudo isto à própria comunidade e descobriram que ser
sal é difícil e exigente! A parábola funcionou e ajudou-os a dar um
passo. Jesus tinha uma capacidade muito grande de comparar as coisas de Deus
como as coisas mais simples da vida. Isto supõe duas coisas que marcam a
pedagogia de Jesus: estar bem por dentro das coisas da vida do povo, e estar
bem por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus.
Uma pastoral que cria comunidades
Uma pastoral que cria comunidades
Jesus
propõe um caminho. No seu esforço de ser um com seus discípulos e discípulas,
Jesus oferece a todos uma convivência. Nesta proposta ele não seleciona
pessoas. Acolhe a todos e todas. Sabe conviver com todos, transmitindo e
ensinando qualquer um que se proponha a ouvi-lo. Por outro lado, Jesus não
trata a todos por igual. Ele sabe distinguir as pessoas com métodos
particulares, conforme a situação peculiar de cada uma delas. Tanto Nicodemos
quanto a samaritana receberam um ensinamento sobre o batismo. Mas o diálogo de
Jesus com Nicodemos não é o mesmo que ele estabelece com a samaritana.
Ao longo
daqueles três anos, Jesus acompanha os discípulos e as discípulas. Ele é o
amigo (Jo 15,15) que convive com elas e eles, conversa com eles, come com eles,
anda com eles, alegra-se com eles, sofre com eles. É através desta convivência
pedagógica que os discípulos e as discípulas se formam. Muitos pequenos gestos
refletem o testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos
discípulos. O seu jeito de ser e de conviver com os amigos, de relacionar-se
com as pessoas e de acolher o povo que vinha falar com ele era a maneira de ele
dar forma humana à sua experiência de Deus como Pai.
Um ponto
importante nesta prática pastoral é saber delegar, engajar e envolver os
discípulos e discípulas na sua própria missão. Desde o primeiro momento do
chamado, ele os envolve na missão (Lc 9,1-2; 10,1). Devem ir, dois a dois, para
anunciar a chegada do Reino (Mt 10,7; Lc 10,1.9), curar os doentes (Lc 9,2),
expulsar os demônios (Mc 3, 15), anunciar a paz (Lc 10,5; Mt 10,13) e rezar
pela continuidade da missão (Lc 10,2). Ele os forma dentro da ação,
envolvendo-os na missão que ele mesmo estava realizando em obediência ao Pai.
Uma pastoral libertadora.
Uma pastoral libertadora.
Jesus vive e faz o que ensina e ninguém consegue
acusá-lo de algum pecado (Jo 8,46). Ele é livre e comunica liberdade aos que o
cercam (Jo 8,32-36), dando-lhes coragem de transgredir as tradições caducas dos
escribas e arrancar espigas no campo (Mt 12, 1-8). Com os discípulos e
discípulas cria relações intensas e profundas que ajudam as pessoas a crescer e
se libertar. Ele soube ser:
* Amigo, que comparte tudo, até
mesmo o segredo do Pai (Jo 15,15).
* Carinhoso, capaz de provocar
respostas fortes de amor (Lc 7,37-38; 8,2-3; Jo 21,15-17; Mc 14,3-9).
* Atencioso, preocupa-se com a alimentação
(Jo 21,9) e o descanso deles (Mc 6,31).
* Pacificador, inspira paz e
reconciliação (Jo 20,19; Mt 10,26-33; Mt 18,18-22; Mt 16,19).
* Comprometido, defende os
amigos quando são criticados pelos adversários (Mc 2,18-19; 7,5-13).
* Realista e observador,
desperta a atenção dos discípulos para as coisas da vida (Lc 8,4-8).
* Livre, desperta e provoca
liberdade e libertação (Mc 2,27; 2,18.23)
* Misericordioso, manso e
humilde, acolhe a todos, especialmente os pobres (Mt 11,28).
* Preocupado com a situação
do povo, esquece o próprio cansaço e acolhe o povo (Mt 9,36-38).
* Compreensivo, aceita os
discípulos do jeito que são, até mesmo a fuga, a negação e a traição, sem
romper com eles (Mc 14,27-28; Jn 6,67).
* Numa palavra, Jesus é humano, muito humano, tão
humano como só Deus pode ser humano!
Deste modo, pelo seu jeito de ser e pelo testemunho
de sua vida, Jesus encarnava o amor de Deus e o revelava aos discípulos (Mc
6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Tornava-se para eles uma pessoa significativa que
os marcou pelo resto de sua vida como "caminho, verdade e vida" (Jo
14,6).
REFERÊNCIAS:
Bíblia de Jerusalém
Livros do CEBI -
CNBB
A
Palavra de Deus ecoa também nas CEB´s
Leitura
Orante da Bíblia
1º
Congresso de Animação Biblica-catequética
[1] Carlos Mesters e Francisco
Orofino
[1] Carlos Mesters e Francisco Orofino fazem parte
do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), entidade ecumênica criada em 1977 para
aprofundar, articular e intensificar a leitura da Bíblia que o povo já fazia
nas comunidades. O objetivo do CEBI é promover uma leitura libertadora da
Bíblia a serviço da pastoral popular das igrejas cristãs. Este escrito é fruto
de um trabalho nas Comunidades Eclesiais de base e grupos dos movimentos
populares.
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