Hino da Padroeira

sábado, 25 de julho de 2015

Um banquete diferente

O episódio do milagre dos pães e peixes no Evangelho de João é cheio de simbolismo. Jesus é o novo Moisés: ele atravessa o mar rumo à liberdade e sobe ao monte para mostrar o sentido profundo dos mandamentos do Êxodo, que é a vida em abundância para todos a partir dos pequenos.

Estando próxima a festa da Páscoa, que era celebrada na capital Jerusalém, Jesus faz o caminho contrário, atravessando o mar da Galileia em direção aos povos pagãos. Ele propõe, assim, uma nova Páscoa, diferente, já não centralizada no templo, mas celebrada em torno à sua pessoa.

Jesus é sensível às necessidades da multidão que o segue. E, pondo à prova Felipe, provoca a todos nós hoje, responsabilizando-nos também pela solução da fome: “Onde vamos comprar pão para todos?”

André é a figura dos discípulos que dão atenção aos pequenos, à gente sem importância, representada pelo menino com cinco pães e dois peixes. Mas, mesmo atento aos pequenos, ele não consegue enxergar que a solução do problema vem por meio de quem nada conta.

Cinco pães e dois peixes, totalizando sete, é o número bíblico perfeito. Jesus pede que os discípulos façam a multidão acomodar-se na relva. É um banquete sem mesa, pois o que Jesus fará em seguida é saciar a fome da multidão, tornando-se ele mesmo a mesa em torno à qual o povo se reúne para celebrar a vida da nova aliança com Deus, aceitando a oferta da criança.

Dando graças a Deus pelo alimento e distribuindo-o em primeira pessoa à multidão, Jesus se torna ele mesmo pão que alimenta, no banquete onde o pouco se distribui e nada se perde e onde a popularidade fácil não tem vez.

A nova Páscoa, que o Mestre vai inaugurar com sua morte e ressurreição, é a celebração de Jesus que se doa a si mesmo para a vida eterna. Mas é também o compromisso sério para cada seguidor: ser sensível à necessidade material das pessoas, acreditar na força dos pequenos e, sobretudo, apostar numa lógica diferente, na qual não é preciso juntar para depois repartir. Na eucaristia, aliás, entregamos o pouco que somos e temos, para que Jesus seja o alimento para a vida de todos.

Pe. Paulo Bazaglia, ssp

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