“Veio
ao que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1,11). Foi o que se verificou
entre Jesus e seus conterrâneos. Ele foi rejeitado. Os seus não quiseram
acreditar nele como o Messias.
O
evangelho deste dia apresenta-nos Jesus de volta a Nazaré, o berço da sua
infância e juventude. Onde ele tinha os parentes e era bem conhecido. Era de
esperar que tudo isso facilitasse seu ministério. Foi, no entanto, ocasião de
rejeição. Após o primeiro momento de espanto ante sua sabedoria e seus
milagres, os incrédulos nazarenos o repelem: “Não é este o carpinteiro, o filho
de Maria? (…) E se escandalizavam dele” (Mc 6,3). Um secreto orgulho, egoísta e
mesquinho, impede-os de admitir que um como eles, crescido sob seus olhos,
operário pobre, pudesse ser profeta e, além disso, Messias, Filho de Deus. A
modéstia, a humildade de Jesus é a pedra de escândalo em que esbarram,
fechando-se à fé. E Jesus observa com tristeza: “Um profeta só não é estimado
em sua pátria, entre seus parentes e familiares” (Mc 6,4). A incredulidade dos
seus inibe-o de operar ali os grandes milagres realizados em outros lugares,
porque Deus usa da onipotência só em favor de quem crê. Alguns, porém,
provavelmente entre os mais humildes, certamente creram, também em Nazaré, pois
nota Marcos: “(…) curou um pequeno número de enfermos, impondo-lhes as mãos”
(Mc 6,5). Isso mostra que Jesus está sempre pronto para salvar quem o aceita
como salvador.
O
evangelho deste domingo nos oferece a sublime lição de reconhecer e valorizar
as qualidades e virtudes daqueles que estão próximos de nós, daqueles que vivem
conosco. Pois hoje em dia temos a tendência de dar maior valor ao que se passa
longe de nossas realidades, de pensar que só os outros são inteligentes,
justos, bem organizados, carinhosos, capazes de realizar boas coisas… enquanto
tudo que acontece perto de nós é ruim, não vale nada. Quantas vezes
desvalorizamos os dons dos nossos irmãos e irmãs da comunidade, só porque
conhecemos sua família e sua vida?
Peçamos
a Deus a graça de reconhecer e valorizar, sem preconceito, o que os nossos
irmãos e irmãs têm de bom, sejam aqueles que convivem conosco, sejam os que
vivem longe de nós. E a graça de aceitar, com humildade, os bons serviços que
os outros nos prestam, independentemente da situação social deles ou de
qualquer outra circunstância.
Pe. Gilbert Mika Alemick, ssp
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